Paulo disse que os dons espirituais eram graças do Espírito, e que todos eram necessários ao Corpo de Cristo. Porém, prosseguiu e fez um convite para algo que faz com que toda a discussão sobre dons, se torne como coisa de crianças, nas suas disputas por pirulitos celestiais, lugares na gangorra, pequenas façanhas no trapézio, e algumas sonsas vontades de aparecer no grupo, todas elas travestidas de “carismas” e muita cara de “piedade”.
Sim, porque a realidade dos dons espirituais, de todo e qualquer um deles, já nasce morta quando Paulo diz que sem amor nenhum dom espiritual teria qualquer significado; ou: “de nada vos aproveitará”.
“Eis que passo a mostrar-vos um Caminho sobremodo excelente...”, diz ele. Isto para então relativizar todas as coisas, até mesmo e sobretudo, as coisas chamadas “boas”; dizendo que sem amor tudo é vácuo, zunido, coisa nenhuma, proveito algum.
Não há nenhuma coisa boa que possa ser boa se não for fruto do amor!
O que quer que não seja fruto do amor não existe como Bem diante de Deus. Línguas estranhas e espirituais, fé que remove montes, ciência sobre tudo, sabedoria que enxerga o caminho da sensatez, profecias que mexem com o hoje e o amanhã, coragem altruísta, e abnegação capaz de se dar ao fogo pela vida dos outros — não produzem Bem algum para aquele que o pratica, se os fizer sem amor.
Os outros, os que receberam o benefício, esses são beneficiados, se os recebem com gratidão; mas os chamados benfeitores, nada levam diante de Deus por tais “boas e santas” performances.
Paulo diz que esse Caminho maior e adulto é feito do amor que tudo crê, que tudo sofre, que tudo espera, que tudo suporta, que pensa o melhor de tudo e todos, que não se exaspera, que não se torna jamais ressentido, que não se vinga, que não tem prazer na injustiça, mas regozija-se com o que verdadeiro.
Para ele, tudo o que não crescesse no Caminho Excelente do Amor, cristalizava-se no estado de infantilismo apenas carismático, cujo sentir é em geral imaturo e invejoso, em razão da não experiência do amor. Por isso é um sentir de criança, um pensar de menino e um agir de garotinho.
No fim, não no final, mas afinal, o que vale, fica e sobra, são apenas três importâncias espirituais: a fé, a esperança e o amor; sendo que dentre esses, nenhum é como o amor; pois os anteriores podem existir a partir de outras pulsões existenciais e psicológicas; porém o amor é maior do que eles; visto que eles podem ser sem “este amor”; mas no amor eles existem de modo intrínseco, e em sua expressão válida para Deus.
A questão é: e daí? Essa conversa é velha. Isso só serve para entreter noivos em cerimônias de casamento; ou mesmo para dar poesia a um momento de culto!
Mas, de fato, não é assim; e quem assim pensa, já morreu, e ainda não foi informado mediante um atestado de óbito espiritual, o qual a “igreja” jamais fornecerá, visto que nesse dia assinará uma carta de alforria aos crentes, e isso ela parece jamais desejar. Afinal, a ela parece interessar manter todos como seus garotinhos.
Paulo diz a procedência desse amor, e, além disso, ensina o significado dele; e mais: nos diz como ele pode crescer em nós. Afinal, andar nesse Caminho sobremodo excelente é o alvo terreno de nossa existência. Sim, esse é o Bem do Evangelho para a alma.
Tal amor é fruto da gratidão. Gratidão pelo que Jesus fez por nós. E esse “fez por nós” não é algo distante, lá na Cruz do Calvário, na Palestina, há dois mil anos...
Na realidade esse “fez por nós” é algo que tem que ter relação com o Hoje. Tem que ser a gratidão pelo perdão de cada dia. Sim, e mais: esse “fez por nós” precisa ser também demonstrado como aquilo que nós fazemos pelos outros. Isto porque o perdão que se recebe como perdão dos céus, é o que se deve conceder na Terra aos homens.
É assim na terra como no céu que a Graça se manifesta sempre!
Ora, isto só acontece como experiência cotidiana da gratidão pelo amor de Cristo. É tal amor que nos constrange e nos move no Caminho sobremodo excelente.
O chão desse Caminho é expresso por Paulo da seguinte maneira: “E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda percepção, para aprovardes as coisas excelentes e serdes inculpáveis e irrepreensíveis para o dia de Cristo, cheios do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus”.
Assim, o amor que é fruto da gratidão pela Graça de Deus Hoje, e que suscita a força da indivorciabilidade do amor de Deus por nós, gera um constrangimento interior, e que é o motor da alma, na caminhada da fé no cotidiano, a qual é feita mediante a Graça do amor que cresce em “conhecimento e em percepção”.
Ora, isto significa que o caminho do amor de Deus em nós é uma jornada de crescimento da consciência, posto que conhecimento e percepção, no dizer de Paulo, equivalem ao espírito do entendimento da vida, conforme o ensino simples do Evangelho.
A questão é que o Caminho sobremodo excelente já não significa mais nada num mundo de espertalhões, maquinadores, manipuladores, e seres que existem apenas para as riquezas que a traça e o ferrugem corroem...; ao invés de ambicionarem tesouros nos céus.
No entanto, para quem ainda deseja o que vale e o que carrega significado diante de Deus — não tendo de todo se entregue ao cinismo que acomete a maioria dos de nossa geração —, deve ser dito que somente crescendo nesse amor que nasce da gratidão pela Graça do amor de Cristo, da justificação total, do perdão absoluto, e que cresce em entendimento espiritual conforme o espírito do Evangelho — é que vem o poder da alegria daquele que confessa fé em Jesus.
A maioria de nós vive apenas no mundo das performances dos milagres, do esforço de modo altruísta diante dos homens, dando-se às chamas e aos sacrifícios, entregando-se aos estudos do divino, aprendendo de tudo o que se pode amealhar como saber intelectual, buscando expressões de manifestações espirituais e morais visíveis, e arriscando-se na intenção de tirarem montanhas do caminho; ou, sobretudo, fazendo de tudo para serem frutuosos conforme as contabilidades de evangelização e capacidade de fazer pessoas se converterem à “igreja”.
Ora, havendo isso tudo sem que seja fruto da gratidão pela Graça recebida, pode haver sucesso exterior, mas nada de bom e verdadeiro se acrescenta ao ser como bem para ele mesmo. Essa é a razão pela qual o exercício de tais “trabalhos” não torna os seus praticantes seres felizes e pacificados no amor de Deus.
Cristãos infelizes são seres ingratos!
Cristãos felizes são seres gratos!
E tal gratidão não é pela prosperidade material ou pelo sucesso obtido entre os homens, mas gratidão pela Graça de todo dia, o que faz com que a existência seja movida pelo amor de Cristo, o qual nos desentope o ser, pois nos faz crescer em conhecimento e percepções acerca do que vale e do que tem sentido, e que se manifesta como fruto de uma vida que existe em permanente estado de gratidão.
É para esse Caminho sobremodo excelente que somos chamados. Além disso, não há vida com Deus que nos faça “bem-aventurados” se não for vivida nesse amor que não é burro; posto que cresce em entendimento e em gratidão, sabendo que o que vale não está do lado de fora, mas começa no coração.
No Caminho sobremodo excelente o coração conhece o Evangelho como Boa Nova para si mesmo; e tudo o mais é fruto desse estado de contentamento produzido pelo amor que é filho do perdão e da consciência da grandeza da Graça em nosso favor.
Para quem quiser, ainda dá tempo de experimentar a alegria dessa Jornada no Caminho mais excelente que existe para um ser humano na Terra.
Caio Fábio
Pregador do Evangelho de Cristo Jesus
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