Por Hermes C. Fernandes
Lembro-me perfeitamente que, quando criança, meus pais não me permitiam andar descalço e sem camisa, alegando que com isso eu poderia pegar um resfriado. Resultado: durante muito tempo tive uma saúde frágil. Qualquer golpe de vento já me resfriava. Depois de casado, minha esposa achou graça de me ver dormir de meia. Foi a partir daí que resolvi romper com certas crendices que herdara dos meus pais.
Quanto mais nos expomos, mais resistentes nos tornamos. Ao passo que, quanto mais nos preservamos, mais frágeis e suscetíveis nos tornamos. Somente a exposição pode manter nosso sistema imunológico em alerta, produzindo anticorpos para combater as eventuais ameaças ao nosso organismo. O que não provoca minha morte, torna-me mais forte.
O mesmo vale para a nossa vida espiritual.
Uma espiritualidade alienante nos fará pessoas muito mais vulneráveis ao assédio do pecado.
Veja o exemplo do próprio Jesus. Ele andava entre publicanos e meretrizes, porém, jamais pecou. Apesar de saber de todos os riscos, Jesus não pediu ao Pai que nos tirasse do mundo, mas que nos livrasse do mal.
Muitos pensam que a proposta do evangelho é manter-nos numa espécie de quarentena, completamente isolados de tudo e de todos. Dizem: - Não ouço música do mundo porque não quero me sujar! Não tenho vida social porque sou santo e não me misturo com essa gentalha pecadora! É a teologia Kiko!
Este tipo de espiritualidade é castradora e adoecedora. Quanto mais nos priva, mais nos expõe.
Em vez disso, devemos transitar neste mundo de pés descalços, peito aberto, mente arejada, porém, revestidos de toda a Armadura de Deus.
Ao expor-nos, o pecado perde seu encantamento. Criamos anticorpos espirituais. Ativamos nossos sistema imunológico espiritual.
É óbvio que isso acaba incomodando alguns, sobretudo, aqueles que, no fundo, gostariam de usufruir da liberdade que temos em Cristo, mas não o fazem por receio.
Não estou sugerindo qualquer tipo de autoconfiança ou de exposição desnecessária ao pecado, e sim uma dependência total da graça de Deus que não apenas nos salva como também nos guarda de tropeçar.
Os incomodados que se acostumem... Estou vacinado pela graça.
Um comentário:
Nossa Paulo, e amei seu texto.
Acredito nisso também.
Que seu fim de semana seja cheio de pés descalços e vento leve de mudanças para o bem.
Bjs
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