quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A sorte pede carona


Por Hermes C. Fernandes

O filme “A morte pede carona” (The Hitcher) é um suspense americano dirigido por Robert Harmon em 1986. Enquanto dirigia para Califórnia, o jovem Jim Halsey oferece carona a um psicopata que mata a todos os motoristas que lhe dão carona. Porém, Jim consegue escapar, mas o cruel e sádico assassino, o persegue de maneira implacável. Para piorar as coisas, a polícia pensa que Jim é o autor das mortes. O filme é um alerta para que as pessoas sejam mais atentas, evitando dar carona a desconhecidos.

Semelhante risco corremos sempre que permitimos que as pessoas tomem carona em nossa vida. Trata-se de uma roleta russa. Pode ser que estejamos dando carona à sorte ou à morte. 

Jeú foi um rei ungido por Eliseu e que recebera do Senhor a incumbência de erradicar de Israel todos os descendentes de Acabe, o malévolo rei, marido da abominável Jezabel. Qualquer descendente de Acabe poderia reclamar o trono para si, e assim, perpetuar sua política perversa.  

Por causa disso, Jeú teria que ser cuidadosamente seletivo em suas amizades e relacionamentos. Qualquer pessoa que se aproximasse poderia ser um agente infiltrado à serviço dos interesses da casa de Acabe.

Certo dia, Jeú encontrou a Jonadabe, filho de Recabe, que lhe vinha ao encontro, o qual saudou e lhe disse: Reto é o teu coração para comigo, como o meu o é para contigo? E disse Jonadabe: É. Então, se é, dá-me a mão. E deu-lhe a mão, e Jeú fê-lo subir consigo ao carro. E disse: Vai comigo, e verás o meu zelo para com o Senhor. E o puseram no seu carro” (2 Reis 10:15-16).

Antes de sair por aí dando a mão ao primeiro que aparece, deveríamos precaver-nos, buscando discernir as intenções de quem se aproxima.

Andar de mãos dadas implica caminhar na mesma direção. Não se pode oferecer carona para quem vai numa direção, se nosso propósito é tomar a direção oposta.  Jonadabe só entrou no carro de Jeú depois de afiançar-lhe que o seu coração era reto para com o dele. Em outras palavras, ambos tiveram que se certificar de que seus corações estavam na mesma sintonia.

Se caminharmos de mãos dadas com quem toma a direção contrária, andaremos em círculo. Imagine o quadro. Nenhum dos dois vai avançar na direção a que se propõe.

A morte que nos pede carona pode ser a morte de nossos objetivos, de nossos sonhos, daquilo para o qual existimos.

“Andarão dois juntos se não estiverem de acordo” (Amós 3:3)? Foi por isso que Paulo e Barnabé tiveram que se separar. Não era possível caminharem juntos sem que houvesse consenso. Suas agendas eram incompatíveis.

Às vezes, separações são inevitáveis para que se poupe a integridade do propósito. Devemos fidelidade à nossa consciência antes de a qualquer parceria. Todavia, há que se zelar para atenuar o trauma causado pela separação.

No fundo, somos todos caroneiros. Ora pedimos carona, ora oferecemos a quem nos pede. O importante é irmos na mesma direção e estarmos na mesma sintonia de coração. Ouçamos a recomendação de Paulo: 
Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer.” 1 Coríntios 1:10
Alguns pedem pra descer simplesmente por já terem chegado ao seu destino e não por desejarem tomar a direção oposta. Seja como for, se não vai para o mesmo lugar, se não tem o mesmo parecer e propósito, Adios amigo! Hasta la vista. Foi bom enquanto viajamos juntos. Guardemos as boas recordações e jamais permitamos que nossa história seja maculada por mágoas desnecessárias. 

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