Por Hermes C. Fernandes
Não se deixe enganar! Os profetas midiáticos blefam. Os astros mentem. Os búzios falham. A bola de cristal está cheia de rachaduras. Os videntes estão cegos. Os slogans que as igrejas adotam para o novo ano não passam de marketing. Em 2014, tudo pode acontecer. Por mais que façamos votos disso ou daquilo, o fato inconteste é que não temos controle sobre o que nos pode acontecer. Todavia, podemos decidir como reagiremos diante de algumas possibilidades. Baseado nesta premissa, eis minhas resoluções para 2014 e para dois mil e sempre.
Já que tudo pode acontecer, então...
Caso venha a prosperar, que o orgulho não se assenhoreie de mim, e para tal, hei de manter sempre fresca a memória de minhas origens. Que a avareza jamais se instale em minha vida, e que os bens que adquirir sejam usados para beneficiar a muitos. Que não me deixe consumir por qualquer que seja o sonho de consumo. Que o desejo por posses não me torne uma pessoa fútil e desprezível. Que eu dê valor às pequenas coisas que verdadeiramente dão sentido à vida, e me desapegue daquelas que insistem em me convencer de que são essenciais.
Caso venha a passar alguma privação, que a murmuração jamais se ouça dos meus lábios, e para isso, hei de trazer à lembrança as inúmeras vezes em que a provisão de Deus me encontrou e, por isso, serei sempre grato. Estou convencido de que há lições que só são aprendidas na adversidade.
Se for promovido, que meu amor ao poder não me torne insensível ao poder do amor, transformando-me num cínico.
Se for aclamado, que a vaidade mantenha distância do meu coração, lembrando-me que os mesmos que receberam Jesus com mantos e palmas em Sua entrada triunfal, no dia seguinte exigiram a Sua crucificação. Que jamais caia na tentação de almejar ser unanimidade. E que, assim, meus princípios e valores sejam conservados em vez de negociados na banca da vaidade.
Se for humilhado e desprezado, que não me sinta insultado, mas alegre pelo privilégio de ser partícipe do sofrimento do meu mestre. Que em momento algum reivindique para mim a promessa de ser exaltado a fim de ir à forra com aqueles que me pisaram.
Se ficar doente, que isso me seja um lembrete do quão frágil e fugaz sou.
Se me mantiver saudável, use minhas energias para produzir em favor do bem comum, e não apenas do meu aprazimento.
Se for traído, que não me demore a perdoar, antes que a dor crie raízes profundas em minha alma e transtorne os fundamentos do meu ser.
Se tiver que lutar, que eu lute por uma causa, não por uma coisa.
Se for amado, que eu busque corresponder. Se não for amado como desejaria ser, que, ao menos, procure ser amável.
Se tiver que ensinar, que meu objetivo seja partilhar o que tenho recebido e não impressionar os outros com minha erudição.
Se tiver que aprender, que eu seja humilde o bastante para constantemente revisar tudo o que julgo saber, mantendo-me sempre aberto a novos saberes.
Se conhecer novas pessoas, jamais despreze meus velhos amigos. Amizade é como vinho, quanto mais velho, melhor.
Se conhecer outros lugares, possa explorar seus sabores e odores, mergulhar em sua cultura, adquirir experiências, mas nunca perder minhas raízes, tampouco me envergonhar de minhas origens.
Se a tragédia me vitimar, que ela não seja capaz de roubar-me a ternura e privar-me da esperança. Que eu consiga extrair dela todas as lições que puder, e que, uma vez apreendidas, use-as para prevenir os demais, poupando-os da mesma dor.
Sou o fruto de todas as minhas vivências, de todas as minhas aventuras e desventuras, e por isso, recuso-me a ser ingrato. Todos os que cruzaram o meu caminho ao longo desta jornada existencial, contribuíram para que me tornasse no que estou me tornando. Mesmo os que me fizeram sofrer foram cruciais para mim. Não lhos negarei minha gratidão. Cada lugar por onde passei, serviu de cenário de minhas ações e paixões, alegrias e decepções.
Apesar de desconhecer o que me espera nas próximas curvas da estrada, sigo confiante, fiado na única garantia de que disponho: a Sua companhia.
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