Esse culto a imagem é o que mais faz separação entre nós e nós mesmos.
O gap criado é sempre enfermiço, e trás consigo conseqüências devastaras para a alma.
Assim, também cria-se o melhor ambiente psíquico para que todas as demais formas de distúrbios se instalem na interioridade humana, visto que uma espiritualidade da imagem, só tem olhos para os olhos dos outros; isto apenas para vermos como somos vistos; ou seja: para ver como os demais nos vêem.
Desse modo, o interior é relegado ao plano da não-existência, e nessa “casa varrida e ornamentada” pelo culto à imagem, crescem todas as sombras e fantasmas—os mesmos que atormentam a alma de muitos na igreja.
Somente quando compreendermos que nosso chamado psíquico é para a correspondência entre o interior e o exterior, é que começaremos a ter paz.
Assim como no espelho a imagem corresponde ao rosto, assim também o exterior humano sempre deve corresponder ao interior.
Ora, é aqui que o medo se instala, pois as pessoas sabem como são por dentro, tão cheias de rapinas e sentimentos invejosos e malignos.
O que elas não sabem é que tais sentimentos cresceram justamente no abismo que o culto à imagem criou entre o Consciente e o Inconsciente.
Desse modo, quanto mais culto ao exterior, mais rapina haverá no interior, e mais se temerá expor as verdades do coração, ou viver uma vida onde a cara espelhe a alma.
Esta é a razão pela qual ficamos como um cão que nervosamente corre em círculos, tentando morder o próprio rabo.
Paulo diz que tudo aquilo que se manifesta é luz.
O equilíbrio do ser só acontece na luz, e mediante as coisas que se manifestam.
Do contrário, quanto mais se pinta o sepulcro por fora, mas apodrecem os defuntos por dentro.
A salvação da alma, como psique, está no encontro cada vez mais tranqüilo e límpido entre os ambientes externos e internos; assim como também na aproximação do mundo psíquico consciente daquele outro que nós muitas vezes nem conhecemos, mas que existe de fato, que é o inconsciente.
Mas para que se experimente a paz do “meio” é preciso que o nervosismo dos movimentos bi-polares dê lugar à reconciliação entre os pólos. E isto só é passível de acontecer na Graça de Deus, quando reconciliados com Deus já não tememos quem somos, pois já sabemos pela fé como Deus nos vê para o nosso bem, visto que nos enxerga em Cristo; portanto, reconciliados e incluídos.
Afinal, no meio cristão, os pólos representam extremos, estando de um lado a imagem externa de crente, e todas as suas morais; e de outro lado a aflição criada pela hipocrisia, e que sabe que os mundos exterior e interior estão esquizofrenizados, separados por um abismo imenso—daí o movimento de um pólo ao outro ser patrocinado pela paranóia, e pela neurose culposa.
Tudo isto é muito triste. Afinal, Jesus veio ao mundo para que tudo isto desse lugar à paz.
Todavia, enquanto formos patrocinados pelos senhores da imagem e da fachada, nossas almas continuarão nesse estado de angustia pendular; e a paz nos será apenas uma brisa quase imperceptível, e “sentida” de modo fugaz, quando na viagem para o outro pólo, passa-se de passagem por esse ponto do meio, onde, de fato, é o nosso lar.
Caio
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