Por Hermes C. Fernandes
Jesus é muito melhor do que nos contaram. Reconhecemos Sua
inegável sabedoria, bem como Sua misericórdia ímpar, que O levavam a arguir
doutores da lei com a mesma destreza com que atendia ao clamor de um párea da
sociedade.
Todavia, o que mais me faz saltar os olhos é a maneira como
Ele é capaz de enxergar bondade em quem todos só viam vilania. Atender ao
pedido de um centurião romano, representante da força invasora, já era um
insulto aos Seus patrícios. Mas elogiar sua fé, a ponto de afirmar jamais ter
visto igual nem mesmo entre os mais fervorosos judeus, já era demais. E o que dizer da vez em que concordou
publicamente com um escriba por haver identificado em sua fala sinceridade e verdade?
Não estaria Ele dando corda a um integrante de um dos grupos que mais lhe
fizeram oposição?
E que tal introduzir um Samaritano em Sua parábola, não como
vilão ou figurante, mas como mocinho? Logo um samaritano? Aquela gente considerada
asquerosa!
Para Jesus, pouco importava se
estava do Seu lado ou do lado
oposto. Onde quer que a verdade e o amor fossem encontrados, Ele fazia
questão
de ressaltar sem o menor pudor. Mas também não hesitava em admoestar um
dos Seus mais chegados discípulos, quando sua fala ou comportamente não
condiziam com a verdade em amor.
A bondade de Jesus era tão grande que não negou atender nem
o inusitado pedido de uma legião de demônios. Quão escandalizador seria isso
caso o levássemos a sério. Preferimos acreditar que aquilo foi apenas uma
exibição de poder e uma demonstração do que os demônios são capazes. Pobres
porcos!
Nem mesmo o meliante crucificado ao
Seu lado foi poupado de Sua bondade. Dizem até que o paraíso foi
inaugurado por ele, que adentrou-o de mãos dadas com o Salvador dos
homens.
Jesus jamais subestimou ninguém. Todos eram tratados com o
devido respeito e gentileza. Meretrizes, mendigos, cobradores de impostos
corruptos, traidores da pátria, e até religiosos hipócritas que o procuravam na
calada da noite, eram acolhidos como seres humanos, portadores de uma dignidade
intrínseca. Por mais moralmente deformado que estivesse, o mestre galileu era
capaz de enxergar os resquícios dos traços fisionômicos do Pai Celestial. Em
vez de ressaltar o que havia de pior nas pessoas, Ele preferia extrair delas o
que tinham de melhor. Seu discurso não destilava ódio, rancor, nojo, mas os
sentimentos mais nobres que poderiam habitar o coração humano. Jamais fez
piadinha da condição de ninguém, nem ridicularizou quem quer fosse. Antes, encorajava-os
a acreditar no maravilhoso destino que o Pai Celestial lhes havia provido.
Em vez de sair em defesa própria, como muitos de nós fariam sem
titubear, Ele era a voz dos indefesos e oprimidos.
Caso Se preocupasse com Sua própria imagem, certamente não
aceitaria a companhia de gente de vida pregressa duvidosa e reputação maculada.
Ele não estava nem aí...
Ria quando tinha que rir. Chorava quando tinha que chorar.
Comovia-se com o sofrimento humano, a ponto de sublimar o Seu. Não Se deixava
impressionar pelos louvores de quem, no fundo, queria pressioná-lo a romper com
Sua agenda e submeter-se a outros interesses. O único louvor que o enternecia
era o das crianças, sem segundas e terceiras intenções.
Quanto mais medito acerca d’Ele, mais O admiro e sinto-me
compelido a adorá-lo e submeter-me às demandas de Sua revolucionária
mensagem. Somente um Deus saberia ser tão humano.
E quanto aos que não admitem que Jesus pudesse ser tão bom, que ouçam de Sua própria boca: "Porventura vês com maus olhos que eu seja bom?" (Mt.20:15b).
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