Confesso que passei este período eleitoral quase que inteiramente evitando tocar no ponto nevrálgico chamado POLÍTICA...confesso que tentei, mas não consegui! Foi mais forte do que eu e preciso expressar em poucas (se possível) e neutras linhas (será possível?) um pouco do que vislumbram meus olhos e meu coração.
Ouvi alguém dizer que para política, religião e futebol não é necessário utilizar a razão e sim a paixão. Será mesmo?
Em relação à questão religião já ensaiei alguma coisa aqui no blog, quanto à questão futebolística me divirto muito, adoro implicar com qualquer um que não seja são paulino, adoro deixar alguns ardorosos torcedores irritados e nervosos (sim, às vezes eu provoco além da medida – sou ré confessa dessa prática), mas quanto à política, realmente me sinto pisando em ovos.
Creio que podemos e devemos ser pessoas informadas, a alienação política é um dos grandes causadores desse caos que hoje chamamos de GOVERNO em nosso país.
Já disse Platão:
“Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política. Simplesmente serão governados por aqueles que gostam.”
Em meio a essa corrida insana dos últimos dias de campanha eleitoral, vendo pastores utilizando suas ovelhas como massa de manobra e curral eleitoral, vendo a demonização de um único partido (do qual não sou filiada e muito menos simpatizante nos dias de hoje), enfim, vendo tanto lixo sendo dito e defendido em nome Dele, deparei-me com a seguinte questão: o que Jesus faria como eleitor brasileiro, em quem votaria? Comecei a divagar sobre o tema, com medo de me aprofundar, com medo de também demonizar, com medo de escrever muita besteira (talvez cometa todos esses erros, afinal de contas, o post ainda não chegou ao fim...)
Mas enfim, tentarei ir ao cerne da questão: como Jesus se comportaria numa eleição? Você pode argumentar: “Roberta, não há como saber... Cristo não vivenciou um regime democrático.”. Sim, isto é fato público e notório. O mesmo viveu em meio ao domínio do Império Romano.
Temos, então, uma questão a ser debatida: Jesus vivia debaixo do domínio político e econômico de Roma, os primeiros cristãos também viveram tal domínio e, sejamos francos, já ouve em toda história maior iniquidade institucionalizada do que o deslumbrante e cruel Império Romano? Aquilo que dizem que acontecerá em nosso país, caso o partido “X” se perpetue no poder, seria fichinha diante daquilo vivenciado por Cristo e seus discípulos em sua contemporaneidade.
Me pergunto e te pergunto: O evangelho deixou de florescer? Os planos de Deus foram frustrados porque “A” ou “B” estavam governando?
Parece uma interrogação simplista e que leva a um comportamento alienante, mas na verdade quero deixar explícito que o cerne da nossa fé não deve estar baseado em quem está governando, pois o poder está na verdade do evangelho [Rm 1:16] e não em nenhuma estrutura humana. Muitas vezes a intervenção do homem é mais maléfica do que beneficiante, que nos diga o “apoio” de Constantino instituindo o cristianismo como religião oficial do Império Romano, e introduzindo tantas deturpações na essência do caminhar cristão.
Ouso questionar: será a intenção de alguns transformar o país num grande gueto gospel? Será essa a razão dessa caça às bruxas sem muita reflexão e seriedade?
Não vejo Jesus incitando seus seguidores a tomarem pontos estratégicos de poder no governo de sua época, não que isso seja pecado ou proibido, podemos e devemos ocupar lugares de projeção nos mais diversos setores da sociedade, desde que sejamos VOCACIONADOS para tal projeto e não com o intuito de praticar proselitismo e defender interesses de uma parcela da população.
Pelo pouco que compreendo da mensagem do evangelho: o Reino deve ser anunciado a TODOS, que venha o Teu Reino [Lc. 11:2], assim Jesus nos ensinou. Que venha o Reino que é Dele e que também é nosso sobre TODOS os setores de nossas vidas e sociedade.
Mas voltando à pergunta inicial: em seus passos, em quem votaria Jesus? Sinceramente, não sei te responder. Mas posso afirmar que o Jesus com o qual caminho e a quem busco conhecer diariamente respeita a individualidade e nos deu uma palavra que é lâmpada para os nossos pés e luz para o nosso caminho [Sl 119:105]. Além disso, suas palavras são de que estaria conosco todos os dias, até a consumação dos séculos [Mt 28:20] e isto inclui dias de eleições também.
Tendo Jesus como companhia e sua palavra como guia, creio que estou habilitada a fazer escolhas sensatas. Simples assim? Sim...pelo menos acho que seja assim.
Desejosa por andar na verdade,
Roberta Lima (Via Meninas do Reino)
Fonte: Blog de Hermes C. Fernandes
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