Quando
comecei a jejuar e orar em 1973, fazia isto buscando a Deus, Sua
presença, Seu poder. Depois fazia isto [e era dia ‘sim’ dia ‘não’]
buscando sabedoria e discernimento.
Quando
jejuava no quarto, fechado, recluso, apenas lendo a Bíblia e orando, eu
sonhava muito; e nos sonhos era visitado pelos melhores manjares; e
também pela capacidade de ler a Bíblia em minha própria mente, de tal
modo que eu recitava epistolas de cor, dormindo, enquanto, de-fato [ou seja: de-sonho], no sonho, eu lia o que ficara impregnado e inscrito em mim.
Frequentemente
sinto que tenho o Novo Testamento todo escrito em mim [legado daquele
tempo]: do cérebro para baixo, para cima, para dentro e para fora.
Entretanto, foi
só quando passei a jejuar ao ar livre — de preferência na natureza, com
água, chão, vento, nuvem, pássaros; e muitas cores, sombras e luzes;
mediante o jejum, com meu ser focado na adoração ao Criador, já não
pedindo nada, nem buscando coisa alguma, mas apenas sendo e contemplando
— que percebi luzes, formas, belezas, sensibilidades e sentidos que
antes pareciam inexistirem em mim.
Jesus
disse que o olhar é o que ilumina o ser. Ora, é o amor a luz que
ilumina o olhar. E sem amor não há luz de Deus em ninguém.
Entretanto,
certos exercícios de devoção sincera, focada, aberta, expectante de
luz, amante da bondade, plena de contemplação a Deus na maravilha da
criação, são fundamentais para alimentarem nosso processo espiritual,
mental [consciente, subconsciente e inconsciente], e cerebral; de modo
que tudo em nós esteja focado na mesma direção.
Não
era à toa que Jesus buscava a solitude, o deserto, as montanhas, as
fontes de águas, e as cavernas, a fim de imergir em profundidade que age
pelo não agir; e que discerne pelo não pensar; e que guarda pelo não
tentar reter; e que absorve tudo porque se abre para todas as coisas ao
seu redor: dando-se ao que existe em gratidão e amor que adora ao
Criador; e, assim, recebendo tudo.
Hoje em dia, muitas vezes inspiro memórias de arrebatamentos de amor
na estação dos jejuns perfumados pelo estranho odor que a oração exala
[podendo ser sentida pelos mais sensíveis]; e, assim, por tal exercício,
tudo aquilo volta a encher meu coração.
Tenho
tentando olhar tudo com atenção. Mesmo quando estou distraído sempre me
sinto conectado a tudo o que está acontecendo. E essa experiência
intensa com passarinhos e plantas está me abrindo muito mais.
Meu mundo aumenta cada vez mais, mesmo quando não saio do lugar. Há um crescente sentimento de conectividade.
Digo
isto porque acredito que o “Cristianismo” cartesiano, linear, tomado de
misticismo como propaganda, e de filosofia como vaidade sacerdotal,
continua a cegar a maioria de nós; e, de outro lado, o excesso de
carismas (dons) pentecostais, raramente mais profundos do que o cérebro,
chegando no máximo ao sub-consciente, empedrou nossas sensibilidades,
ou nos tornou cínicos; enquanto que o Protestantismo histórico roubou de
nós todo encanto e ludicidade na contemplação; fazendo de nós uns
urubus togados que se alimentam de defuntos do século 16.
A
maioria vive entupida. Pouca gente vai além do pensamento, como se o
pensamento fosse grandes coisas. Ah! O pensamento pode ser um
pensa-muito que vira um pensa-manto, e que cria um pensa-dor, mas ainda
tudo tão básico perto do que acontece no eterno mundo que existe enquanto
“a palavra me não chegou à língua”. É nesse ambiente pré-cerebral onde a
usina de riquezas opera total; fazendo de toda lógica um retardo.
É
hora de nos abrimos e crescermos no cérebro, na mente, na alma, no
espírito, na totalidade e na multiplicidade de todos os infindáveis dons
da Graça de Deus que existem em nós, embora estejam dormentes na
maioria esmagadora de nós.
Se pensar já é uma façanha, quanto mais o resto?
Pense
no quanto sua experiência humana de Deus não está impregnada da
dês-humanização [dês-sensibilização] promovida e mantida pelo
“Cristianismo” e seus derivados em geral; a ponto que você tem apenas
uma relação de testa com Deus;
e, para além disso, o que dizem que lhe seria bom, seria o encher a
cabeça de informações supostamente sobre Deus. E aí se chega para
morrer...
Jesus
disse que se eu estou Nele, posso desenvolver o olhar que ilumina o ser
como um todo, de modo que de fato emanarei luz e graça; e isto é ser
luminoso: ver tudo com e na luz da verdade e do amor que ama a Deus e a
toda Sua criação.
Nele,
Caio
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