quarta-feira, 31 de julho de 2013

Filme retrata história da construção de Brasília contada por 50 mulheres...

J.F.K 16mm unknown film

Somos todos pontífices!


Por Hermes C. Fernandes

Há pessoas que recebem de Deus o dom especial de serem pontes. Sem o menor recato, disponibilizam-se para prover conexão entre os homens. Seu habitat natural são os bastidores. Os holofotes não as atraem. Como enceradeiras, contentam-se em trabalhar para fazer o chão brilhar.

Dentre os discípulos de Jesus, provavelmente André era o que apresentava esta característica. Seu nome vem do grego Andros, e significa “homem”. Um judeu com nome grego. Uma ponte entre duas culturas diametralmente diferentes.

André também serviu de ponte entre duas eras representadas pelos ministérios de João Batista e Jesus. Ele foi um dos dois discípulos de João que testemunharam quando este, vendo Jesus passar, disse: “Eis aqui o Cordeiro de Deus”. Não foi preciso nem uma palavra a mais. Imediatamente, André deixou a João para seguir a Jesus.

Tão logo encontrou a Jesus, André dirigiu-se a seu irmão, Simão Pedro, e contou-lhe:“Achamos o Messias (que, traduzido, é o Cristo). E levou-o a Jesus” (Jo.1:35-42). Portanto, ele também foi ponte entre Pedro e Jesus.

Ele jamais poderia supor que seu irmão seria o príncipe dentre os apóstolos. Em momento algum André requereu tal posição por ter sido o primeiro a seguir a Jesus. Pelo contrário, contentou-se em ficar conhecido como  "o irmão de Simão Pedro".

Foi ele e seu irmão que ouviram de Jesus a promessa de que seria feitos pescadores de homens. Considerando o significado de seu nome, Jesus estava dizendo que eles pecariam muitos outros “Andros” (Andrés), que por sua vez, também seriam pontes para tantos outros.

Quer estejamos na frente ou atrás das cortinas, todos somos chamados a sermos pontes.

Um dos títulos recebidos pelo papa é de sumo pontífice, que quer dizer, a ponte principal que liga Deus aos homens. À luz das Escrituras, somente Cristo poderia ser chamado assim. Pois “há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (1 Timóteo 2:5). Todavia, quando ingressamos em Seu Corpo, tornamo-nos pontes de acesso para que outros homem afluam à Ponte que nos conecta a Deus. Por isso, Apocalipse 5:10 diz que somos um reino de sacerdotes (pontífices).

André também desempenhou papel importante na ocasião em que Jesus alimentou a multidão com apenas cinco pães e dois peixinhos. Ele foi a ponte entre Jesus e o menino que disponibilizou seu lanche. Enquanto Filipe calculava o custo que teriam para alimentar tanta gente, André tratou de se meter na multidão para garantir ao menos a comida do Mestre (Jo.6:8-9). Nem sempre temos a solução para um problema, porém, podemos ser ponte entre o problema e a solução. Sem a intervenção de André, a multidão teria saído faminta e desfalecido pelo caminho. 

Filipes costumam ser racionais, ponderados. Andrés são mais impulsivos, intuitivos, agindo mais com o coração do que com a mente. Uns são pragmáticos e realistas. Outros, românticos e idealistas.

Quando alguns gregos vieram em busca de Jesus, Filipe ficou sem saber como agir e recorreu a André. Então, ambos os introduziram a Jesus (Jo.12:20-22). É bom que tenhamos Filipes, mas estes precisam ter Andrés que os estimulem a dar os passos necessários. Mais uma vez, André foi ponte

André foi um dos apóstolos que mais trabalharam para que o Evangelho alcançasse lugares longínquos, chegando até a Rússia. Conta-se que André foi crucificado numa cruz em forma de “X”. Durante os dois dias em que agonizou, despojou-se de suas vestes e bens, doando-os aos seus algozes. Mesmo em seus últimos momentos de vida, André não se negou a ser ponte. O que não lhe serviria mais, poderia ser bênção na vida de outros, mesmo que estes fossem seus piores inimigos.

O EVANGELHO: PALAVRA E ESPÍRITO!



Tenho dito repetidamente que os evangelhos são narrativas históricas das ações e acontecimentos relacionados a Jesus, bem como de Suas Palavras. 

O Evangelho, todavia, é um espírito. Os evangelhos são o corpo. O Evangelho é o espírito no corpo. 

Para muitos os evangelhos são apenas palavras. Para outros são narrativas. Para outros eles são palavras inspiradas. Para muito mais gente ainda eles são apenas palavras mágicas. 

Para a maioria, no entanto, eles são os quatro primeiros livros do Novo Testamento, sendo, portanto, parte da Bíblia Sagrada. 

O terno evangelho é também bastante usado para caracterizar a conversão; tipo: “Quando eu vim para o Evangelho”; significando: “Quando me converti e entrei pra a igreja”. 

O Evangelho, no entanto, é espírito e vida. Foi isso que Jesus disse. Deus é espírito, e, portanto, Suas palavras são espírito e vida. 

O Evangelho é espírito e é um espírito. 

É espírito porque carrega o poder da verdade absoluta e produz vida onde quer que chegue. 

E é um espírito porque não é letra. 

Ora, sempre se diz e se repete que a “letra mata, mas que o espírito vivifica”. Até os mais letristas, legalistas, e escribas de textos em cuneiforme repetem essa frase. Eles, no entanto, não pensam que até as palavras de Jesus podem se transformar apenas em letra morta. 

Sim, as palavras de Jesus, vistas apenas como algo fixo, e que não carrega um sentir de uma justiça aplicável em qualquer lugar ou tempo da existência humana e dos humanos—tornam-se em letra morta, e nada realizam de bom para o ser. Jesus ensinou que o Espírito Santo atualizaria a Palavra do Evangelho conforme o tempo, as circunstancias e a necessidade; especialmente na hora da opressão. Em alguns lugares, em narrativas dos evangelhos, isto que acabei de afirmar fica mais do que explicitado. 

Por exemplo, aquela seqüência de Lucas 9 é assustadora. Jesus parece não ter critérios. Pede o impensável. Diz a um filho enlutado que não há tempo para sepultar o próprio pai; garante a outra pessoa que não dá tempo nem mesmo de voltar em casa para se despedir; e a um outro diz que mesmo o casamento pode ser deixado para trás a fim de que se seguisse o Caminho. 

Ora, tais palavras feitas letra se tornam insuportáveis e desumanas, isso se aplicadas indiscriminadamente na vida, e para qualquer pessoa, ou em qualquer daquelas situações. 
O espírito que aquelas ocorrências carregam, este sim, é o espírito do Evangelho, posto que só pode ser discernido como espírito, e não como letra; pois, nesse caso, sendo letra e lei, seriam apenas palavras de morte e não de vida; porém, como espírito, as palavras se renovam; e se fazem entender como urgência, como a sobrevalorização do que é eterno em relação ao que é passageiro, e como afirmação do amor ao reino de Deus sobre qualquer outro grande amor. 

O Evangelho é espírito e vida; e é também vida no espírito, tanto com ‘e’ minúsculo, como também com ‘e’ maiúsculo. 
O que o torna letra é a tentativa de confiná-lo a um código de doutrinas ou de preceitos morais e dogmáticos. 

Nessa hora e nesse dia o Evangelho vira apenas o suporte técnico — via ‘os evangelhos’ — para ajudar no levantamento do edifício pedrado, da câmara mortuária, que é erigida para abrigar os Credos e as Dogmáticas: a versão cristã do Livro dos Mortos. 

Deus é espírito. A Palavra é espírito. O Espírito é como o vento. O vento é como o espírito. A iluminação é no espírito. O Novo Nascimento é no espírito. O nascido de novo é como o vento, como o espírito. O discernimento é espiritual, e a sua atualização é feita pelo Espírito. 

Por isso o Evangelho é mais que palavras, ensinos congelados, e narrativas transformadas e acontecimentos e calendários religiosos. 

Assim como Deus é, a Palavra é. E assim como é a Palavra, assim é o Evangelho; visto que nada há mais vivo e espiritual do que a Encarnação Daquele que é espírito; o que faz das narrativas dos evangelhos descrições de Deus entre os homens; e o que também faz de tais narrativas analogias espirituais que encontram sua propriedade e pertinência em qualquer tempo ou era da existência humana. 

É isto que quero dizer quando digo que o Evangelho é espírito; e também que há algo que deve ser definido como ‘espírito do Evangelho’; e que é o aplicativo do Evangelho ao tempo, conforme a atualização que o Espírito faz; e que é o olhar do Evangelho em cada geração; sendo, no entanto, o olhar do amor. 

Caio

Ed René Kivitz - Fermento

terça-feira, 30 de julho de 2013

Fernando Pessoa

Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.