segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A arte de liderar - Mário Sérgio Cortella

HOMOSSEXUAIS: Seriam os eunucos da vez?


Por Hermes C. Fernandes


Nenhuma classe era tão menosprezada nos tempos bíblicos do que os eunucos. E a razão disso era muito simples: eles não podiam procriar. Fosse por razões orgânicas (costumavam ser castrados), ou por não sentirem-se atraídos pelo sexo oposto. Por conta disso, sofriam preconceito semelhante ao sofrido por mulheres estéreis. Na concepção judaica, a geração de filhos era a garantia da perpetuação da vida. A prole dava continuidade à saga da família. Na ausência destes, não haveria para quem deixar herança, que consistia não apenas em bens materiais, mas também no nome. 

A Lei era dura com relação aos eunucos. Eles nem sequer podiam entrar na congregação do Senhor (Dt.23:1). Neste mesmo capítulo, a Lei também exclui da comunidade israelita os filhos bastardos e os estrangeiros. 

Alguns pesquisadores propõem que esta exclusão pretendia apartar da assembleia da cidade os sacerdotes de deuses pagãos, dos quais muitos eram eunucos e bastardos (que por não terem direito a herança, eram entregues para o ofício sacerdotal). Enquanto Israel rejeitava completamente esses indivíduos, outras nações descobriram maneiras de aproveitá-los, envolvendo-os em atividades como o cuidado da rainha e do harém do rei.  

A primeira vez que encontramos eunucos em Israel é durante o reinado de Acabe (2 Reis 9:32). Provavelmente cuidavam de Jezabel, mulher extremamente vaidosa e malévola que introduziu vários costumes pagãos em Israel. Vemos também que havia eunucos em Judá nos dias em que Jerusalém caiu nas mãos de Nabucodonosor, rei da Babilônia (Jer.29:2). É bem provável que tanto em Israel dos dias de Acabe, quanto em Judá dos dias de Jeremias, os eunucos fossem escravos estrangeiros adotados na corte real. 

Quando o rei Ezequias recebeu os embaixadores da Babilônia, mostrando-lhes todos os seus tesouros, Isaías o advertiu dizendo que um dia eles voltariam e levariam seus descendentes para serem eunucos no palácio do rei da Babilônia (Is.39:6-7). Mas Ezequias não percebeu a gravidade e as implicações daquela profecia. Em vez disso, concluiu que se houvesse paz durante o tempo de seu reinado, então, tudo bem. Não importava o que o futuro reservasse aos seus descendentes. Ora, se estes fossem castrados, quem herdaria o trono de Judá? 

Quando Ciro II, rei da Pérsia, em 537 a.C., invadiu a Babilônia, ele libertou o povo judeu, permitindo que retornasse a Jerusalém. Muitos dos que retornaram à cidade agora eram eunucos, e de acordo com a lei de Deuteronômio, estavam destituídos de sua cidadania e, com isso, da participação política e religiosa na cidade. Porém, em Isaías (livro escrito bem antes do cativeiro babilônico) há uma revisão desta regra. O mesmo profeta que anuncia a Ezequias o que aconteceria aos seus filhos ao serem levados cativos para a Babilônia, também diz: "O estrangeiro que por sua própria vontade se uniu ao Senhor, não deve dizer: Javé me excluirá de seu povo. Tampouco deve dizer o eunuco: Não sou mais que uma árvore seca. Porque assim disse o Senhor: Os eunucos que observem meus sábados, que escolhem o que me agrada e são fiéis ao meu pacto, concederei a eles ver gravado seu nome dentro do meu templo e de minha cidade; isso é melhor que ter filhos e filhas! Um nome eterno darei a cada um deles, que nunca se apagará” (Isaías 56:3-6). A partir de Isaías, então, se cria um mecanismo que torna mais flexíveis as leis do Deuteronômio, adaptando-as a uma nova realidade existente na vida social judaica. 

Percebemos nitidamente que a graça está por trás desta “adaptação” à realidade. A Lei aponta para um mundo ideal, onde não haja homens incapazes de reproduzir. Porém, a graça lida com as demandas da realidade. A Lei acentua a distância entre o real e o ideal. A graça reverte este fluxo. Em vez de exclusão, inclusão. Em vez de distanciamento, aproximação. 

Creio que, como igreja de Cristo, temos muito que aprender com este episódio. O mundo não é o que deveria ser. Há demandas atuais que exigem posicionamento. Devemos apegar-nos às exigências da Lei ou ceder à concessão da graça? Se marcarmos a opção um, então, nossos filhos terão que ser apedrejados em caso de flagrante rebeldia. 

Nem mesmo no tempo de Jesus as pessoas sabiam lidar com a questão envolvendo os eunucos. Há conceitos que ainda hoje são difíceis de serem digeridos, principalmente pelos cristãos. Somos inflexíveis como a letra da Lei, esquecendo-nos de que a letra mata, e que somente o Espírito vivifica. Veja como Jesus lidou com o preconceito envolvendo os eunucos de sua época: 
“Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem receber esta palavra, mas só aqueles a quem foi concedido. Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos, por causa do reino dos céus. Quem pode receber isto, receba-o.” Mateus 19:11-12 
Ora, se Jesus estivesse falando de algo simples, aceito pelo senso-comum, não teria dito: “Nem todos podem receber esta palavra...”

Jesus elenca três tipos de eunucos: 

• “Eunucos criados pelo homem”. Castrados. Esterilizados intencionalmente. Prática fartamente disseminada na antiguidade. Geralmente castravam-se os filhos de escravos capturados na guerra, para que, ao crescerem, pudessem servir nos haréns dos reis sem oferecer qualquer risco. 

 • “Eunucos por causa do reino dos céus”. Não castrados. Que optaram pelo celibato para que pudessem servir a Deus no ministério sem distração com esposa e filhos. Paulo, João Batista e o próprio Jesus poderiam ser contados entre esses. Alguns chegaram a se castrar, como no caso de Orígenes, para se livrar da tentação sexual.

 • “Eunucos desde o ventre materno”. São os que nasceram desprovidos de atração sexual pelo sexo oposto ou são hermafroditas. Muitos, por conta da pressão social para que tenham vida sexual ativa, acabam desenvolvendo atração por pessoas do mesmo sexo. Tais indivíduos possuem libido, porém esta é direcionada para outras atividades além do sexo. Geralmente, atividades ligadas à estética, às artes, que requerem certo grau de sensibilidade. Embora eu os tenha deixado por último em minha exposição, Jesus os coloca encabeçando a lista dos eunucos. 

Em outras palavras, uns são eunucos por imposição social, outros por razões psicológicas ou fisiológicas, e outros por decisão própria, geralmente motivados por idealismo.

O que faremos a esses indivíduos? Que rótulo lhes daremos? Qual será nossa sentença? Tomaremos Deuteronômio ou Isaías como base? E o que faremos com o que Jesus disse acerca deles? Será que estamos entre os que Jesus denunciou como não estando preparados para recebê-los? 

Não foi à toa que Filipe foi o discípulo escolhido por Deus para introduzir o Evangelho ao eunuco etíope. Logo no início de sua caminhada cristã, ele testemunhou a maneira como Jesus lidava com os preconceitos humanos. O mesmo Natanael que comentara com Filipe que da região de procedência de Jesus não poderia vir nada que prestasse, ouviu dos lábios do Mestre: Este sim é um verdadeiro israelita! Com este elogio, Jesus interrompeu o ciclo do preconceito. Em vez de rebater, Ele preferiu elogiar. Imagino a cara de Natanael diante de Filipe. O que este não podia supor era que aquela experiência o habilitaria para mais tarde ser tirado do meio das multidões em Samaria para pregar a um eunuco (que ainda por cima era negro!) no caminho de Gaza (At.8:27-39). 

Filipe não perde tempo apontando as eventuais falhas morais do eunuco. Em vez disso, fala-lhe de Cristo, tomando como base um trecho do mesmo livro que diz que Deus receberia eunucos e lhes daria um nome eterno. Convencido da disposição divina em recebê-lo como filho, o eunuco diz: “Eis a água, o que me impede de ser batizado?” Se fosse hoje, influenciado por pregadores modernos, talvez Filipe dissesse: Bem, acho que você precisaria tomar um banho de loja primeiro. Trocar essas roupas espalhafatosas por um terno e gravata. Mudar esses trejeitos efeminados. Arrumar uma namorada para comprovar que foi curado. E depois de batizado, gravar um DVD de testemunho para a gente divulgar. Se um eunuco me fizesse a mesma pergunta hoje (o que me impede de ser batizado?), eu responderia: o preconceito. Daí, ele procuraria outro eunuco para evangelizar, conduziria-o a Cristo e abriria uma igreja de eunucos. 

É... Jesus tinha razão. Não estávamos preparados à época, e provavelmente, muito menos hoje. Chegamos a Gaza, mas nos recusamos a aproximar-nos da carruagem em movimento. Talvez por amá-los na mesma proporção de que amamos os bandidos... Dizemos amá-los, mas optamos por manter distância. E assim, preferimos a inflexibilidade da Lei ao Espírito da Graça. E é justamente a Lei que nos oferece a chave com a qual trancamos o armário no qual muitos se escondem (alguns dos quais exercem cargos eclesiásticos, usando o púlpito como armário). Somente um ambiente impregnado de graça oferecerá acolhimento e compaixão. Afinal, somos todos humanos, desesperadamente carentes desta graça capaz de fazer-nos renunciar às próprias paixões e concupiscências (Tt.2:11-12). Graça que, igualmente, nos capacita a vencer nossos preconceitos e medos.

Respondendo à pergunta proposta no título deste post. O eunuco da vez é todo aquele que desprezamos, do qual queremos distância. Pelo menos assim, não seremos obrigados a amá-los, já que esta obrigação só diz respeito ao próximo... só que não!

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

A verdadeira história de Cosme e Damião







Por Hermes C. Fernandes

Filhos de uma nobre família de cristãos, os gêmeos árabes Cosme e Damião nasceram por volta do ano 260 d.C. Desde muito jovens manifestaram um enorme talento para a medicina, profissão a qual se dedicaram após estudarem e diplomarem-se na Síria. 

Amavam a Cristo com todo o fervor de suas almas, e decidiram dedicar suas vidas ao serviço do amor. Por isso, não cobravam pelas consultas e atendimentos que prestavam, o que lhes rendeu o apelido de "anárgiros", ou seja, “aqueles que são inimigos do dinheiro" ou "que não são comprados por dinheiro". A riqueza que almejavam era fazer de sua arte médica também o seu ministério para o bem de todos. Inspirados no amor de Cristo, usavam a fé aliada aos conhecimentos científicos para atenuar a dor dos enfermos e inválidos. Ao invocarem o nome de Jesus, muitos eram curados, alguns à beira da morte. Até animais eram sarados, pois entendiam que “toda a criação aguarda, com ardente expectativa, pela manifestação da glória de Deus em Seus filhos” (Rm. 8:18:19). 

Seu testemunho de amor produziu inúmeras conversões ao evangelho da graça, chamando a atenção das autoridades. Durante a perseguição promovida pelo Imperador romano Diocleciano, por volta do ano 300, Cosme e Damião foram presos, levados a tribunal e acusados de se entregarem à prática de feitiçarias e de usar meios diabólicos para disfarçar as curas que realizavam. Ao serem questionados quanto as suas atividades, eles responderam: "Nós curamos as doenças em nome de Jesus Cristo, pela força do Seu poder". 

Diocleciano odiava os cristãos porque eles eram fiéis a Jesus Cristo e se recusavam a adorar ídolos e esculturas consideradas sagradas pelo Império Romano.Eles conheceram os princípios da fé cristã desde sua infância, e por isso recusaram-se a adorar os deuses pagãos, apesar da imposição e das ameaças do império. Diante do governador Lísias, ousaram declarar que aqueles falsos deuses não tinham poder algum sobre eles, e que só adorariam o Deus Único, Criador do Céu e da Terra. Mantiveram a Palavra do testemunho de Cristo, impressionando a todos por seu Amor, fidelidade e entrega a Jesus. 

Por não renunciarem aos princípios de Deus, sofreram terríveis torturas. Mas mesmo torturados, jamais negaram a fé. Em 303, o Imperador decretou que fossem condenados à morte na Egéia. Os dois irmãos foram colocados no paredão para que quatro soldados os atravessassem com flechas, mas eles resistiram às pedradas e flechadas. Os militares foram obrigados a recorrer à espada para a decapitação, honra reservada só aos cidadãos romanos. E assim, Cosme e Damião foram martirizados. 

Ironicamente, cem anos depois de morrerem por não se render à idolatria, seus restos mortais começaram a ser alvo de veneração, bem como as imagens esculpidas em sua homenagem. Dois séculos após sua morte, por volta do ano 530, o Imperador Justiniano ficou gravemente doente e deu ordens para que se construísse, em Constantinopla, uma grandiosa igreja em honra de Cosme e Damião. A fama dos gêmeos também correu no Ocidente, a partir de Roma, por causa da basílica dedicada a eles, construída a pedido do papa Félix IV, entre 526 e 530. A solenidade de consagração da basílica ocorreu num dia 26 de setembro e assim, Cosme e Damião passaram a ser festejados pela igreja católica nesta data. 

Os nomes de Cosme e Damião são pronunciados inúmeras vezes, todos os dias, no mundo inteiro. Até hoje, os gêmeos são cultuados em toda a Europa, especialmente na Itália, França, Espanha e Portugal. Além disso, são venerados como padroeiros dos médicos e farmacêuticos, e por causa da sua simplicidade e inocência também são invocados como protetores das crianças. Por isso, na festa dedicada a eles, é costume distribuir balas e doces para as crianças. 

Aqui no Brasil, devido ao sincretismo, a devoção trazida pelos portugueses misturou-se com o culto aos orixás-meninos (Ibejis ou Erês) da tradição africana yorubá. Cosme e Damião, os santos gêmeos, são tão populares quanto Santo Antônio e São João. São amplamente festejados na Bahia e no Rio de Janeiro, onde sua festa ganha a rua e adentra aos barracões de candomblé e terreiros de umbanda, no dia 27 de setembro, quando crianças saem aos bandos, pedindo doces em nome dos santos. 

Uma característica marcante na Umbanda e no Candomblé em relação às representações de Cosme e Damião, é que junto aos dois santos católicos aparece uma criancinha vestida igual a eles. Essa criança é chamada de Doúm ou Idowu, que personifica as crianças com idade de até sete anos de idade, sendo considerado o protetor das crianças nessa faixa de idade. Na festa de tradição afro, enquanto as crianças se deliciam com as iguarias oferecidas às entidades, os adultos ficam em volta entoando cânticos aos orixás. 

Mesmo não compactuando com a devoção que lhes é prestada, não se deve ignorar ou desprezar o testemunho de Cosme e Damião, muito menos demonizá-los como fazem alguns. 

Os médicos gêmeos jamais se deram aos ídolos, tampouco praticaram magia ou ocultismo, embora tenham sido acusados de fazê-lo. Pelo contrário, foram cristãos fiéis até o fim, amando o Senhor sem medida e manifestando Seu amor no serviço ao próximo. Tal testemunho deve continuar a nos inspirar, como tem inspirado a tantas gerações.

P.S.:  Uma pergunta recorrente quando o assunto é "Cosme e Damião" é se um cristão pode comer balas e doces oferecidos a eles. Vou deixar que Paulo, o apóstolo dos gentios, nos responda através de uma paráfrase que fiz do texto em que trata do assunto "Comidas sacrificadas aos ídolos":





“Ora, no tocante aos doces oferecidos a Cosme e Damião, já temos conhecimento suficiente. Mas devo salientar que o conhecimento incha, enquanto o amor edifica. E, se alguém pensa que já sabe alguma coisa, ainda não sabe como convém saber. O importante é amar a Deus e ser conhecido por ele. Logo, quanto ao comer comidas oferecidas a qualquer entidade, sabemos que o ídolo em si nada é no mundo, e que não há outro Deus, senão um só. Ainda que haja alguns que se apresentem como deuses (ou santos), sejam em igrejas ou religiões de quaisquer matizes, inclusive africanas ou orientais, todavia, para nós, há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por intermédio dele. Mas nem todos têm este conhecimento; porque alguns até agora comem coisas consagradas em homenagem aos ídolos, e por terem consciência fraca, ficam contaminados. Ora, comer ou deixar de comer não faz qualquer diferença em nossa relação com Deus. Mas devemos ter cuidado para que essa liberdade não sirva de escândalo para os de mente fraca. Porque, se alguém te flagrar correndo atrás de doces consagrados (visto que tens conhecimento da verdade), não será a consciência do que é fraco induzida a comer também (mas sem ter o mesmo conhecimento)? E assim, pelo teu conhecimento prejudicará o irmão fraco, pelo qual Cristo morreu. Ora, pecando assim contra os irmãos, e ferindo a sua fraca consciência, pecais contra Cristo. Por isso, se comer tais doces escandalizar a meu irmão, nunca mais os comerei, para que meu irmão não se escandalize.” 1 Coríntios 8:1-13








terça-feira, 23 de setembro de 2014

Cientistas teletransportam partícula de luz por 25 km


Cristais que contêm informação fotônica depois do teletransporte
Foto: Reprodução

GENEBRA - Uma equipe da Universidade de Genebra conseguiu teletransportar o estado quântico de um fóton para um cristal ao longo de 25 quilômetros de fibra óptica, mostrando que a informação pode ser teletransportada da luz para a matéria.

De acordo com o comunicado dos cientistas à imprensa, os resultados provam “que o estado quântico de um fóton pode ser mantido enquanto é transportado para um cristal sem que os dois entrem diretamente em contato”.
O teletransporte quântico envolve o movimento de pequenos bits de dados de um lugar para outro instantaneamente, através de um fenômeno conhecido como emaranhamento quântico — quando duas partículas ligadas agem como gêmeas, mesmo depois de separadas, o que significa que a informação pode ser instantaneamente passada de uma para outra sem toque.
Os pesquisadores são fascinados pelo teletransporte quântico porque ele pode revolucionar a maneira como carregamos e transmitimos dados. Mas até agora os cientistas lutavam para descobrir qual informação quântica armazenada na luz poderia ser usada nos sistemas de comunicação existentes, baseados em matéria.
Nesse experimento, os físicos pegaram dois fótons emaranhados e enviaram um deles, via fibra óptica, por 25 quilômetros, enquanto o outro foi enviado a um cristal, que armazenou sua informação. Um terceiro fóton foi então enviado como uma bola de bilhar para colidir com o primeiro fóton, apagando ambos.
Só que os cientistas descobriram que a informação do terceiro fóton não tinha sido destruída, mas transferida para o cristal que continha as informações do segundo fóton emaranhado. O resultado do estudo foi publicado na revista “Nature Photonics”.
Isso mostra que “o estado quântico dos dois fótons emaranhados, que são como gêmeos siameses, é um canal que empodera o teletransporte da luz para a matéria” explicou o coautor da pesquisa, Félix Bussieres.

Fonte: O Globo


quinta-feira, 18 de setembro de 2014

A MORAL NÃO É A ÉTICA DOS EVANGELHOS



O Gênesis do ministério de Jesus é tomar as “talhas que os judeus usavam para as purificações” e enchê-las de vinho!

E mais: é inegável que Jesus estivesse também dizendo que Nele, Deus estava casando agora apenas com quem queria talhas religiosas com vinho novo, na pior das hipóteses; ; e, na melhor delas, o que se deveria fazer, era deixar de lado o vinho velho e seu odre roto e pingantemente misturado ao próprio vinho, pois, nesse estágio, já não se sabe mais o que é odre e nem tampouco o que é vinho! O que se deve fazer é começar outra vez à partir de contêineres que se deixem curtir no vinho novo, que de acordo com o apóstolo João, não é novo, mas aquele que desde o princípio tivemos!

Sim, para Ele, aquele odre-vinho-vinho-odre—o da religião das talhas de pedra usadas para as purificações—era já um vinagre, que servia apenas para ser bebido por aqueles que de tão acostumados que estão aos gostos ruins, já não sabem a diferença entre o gosto-gostoso e o gosto-viciado. É para o de-Lei-te de seus viciados consumidores que o vinho-odre-odre-vinho serve ainda como diversão, sendo que o juízo ao próximo é o espetáculo!

Os discípulos de Jesus, todavia, não devem perder tempo com essas questões, e, por isto, precisam partir resolutamente para buscar odres mais adequados à sempre auto-renovação desse Vinho Novo. Afinal, ninguém que tenha se viciado no vinagre dirá que o vinho novo é excelente.

Ora, a Teologia Moral de Causa e Efeito é a fabrica de Odres com Grife e também a marmorearia onde são esculpidas as talhas de pedra usadas para as purificações!

O problema é que em Jesus não dá para se fazer mais nenhum tipo de aproveitamento dessa Industria Religiosa e de suas Grifes e Selos Autorizadas. E a razão é simples: ela está para o Evangelho de Jesus assim como um perverso e desumano traficante de cocaína e heroína está para o bom samaritano—digo: mal comparando, e, apenas, no plano das relatividades humanas, pois, espiritualmente, o meu exemplo é muito menos grave que o contraste espiritual que tento expressar!
 

Dali, infelizmente, nada se aproveitava, pois eles pensavam que fora dali nada mais tinha valor.

A prova dessa impossibilidade de reutilização daquele sistema de pensamento e suas construções, alcança seu ápice quando Jesus diz que aquele Templo seria derrubado e que dele não ficaria pedra sobre pedra.

No entanto, para que não sejamos exaustivos demais na demonstração, quero apenas que você compare os valores anti-téticos dos ensinos de Jesus em relação aos da Teologia Moral de Causa e Efeito, vigentíssima em Seus dias, e, infelizmente, no nosso tempo também!
 

E para isto, não precisamos ir além do Sermão do Monte, ou do Abismo, como eu explico que ele pode se tornar em O Enigma da Graça!
 

A Teologia Moral de Causa e Efeito não pode praticar o sermão do monte porque ele inverte complemente os princípios de causalidades por ela ensinados. Jesus subverte radical e rupturalmente, de uma vez e para sempre, com essa lógica predatória.

Para Jesus os heróis da Graça eram os anti-heróis da religiosidade que o circundava e dos valores por ela ensinados.

Para a Teologia Moral de Causa e Efeito, TMCE— como daqui para frente chamaremos esse derivado natural da Teologia da Terra, filha religiosa do Sacrifício Competitivo de Caim —, o humilde de espírito era o lixo da espiritualidade; os que choravam eram vistos como culpados-infelizes; os mansos eram percebidos como desinteressados pelo zelo que disputava o espaço no chão da Terra; os que tem fome e sede de justiça eram interpretados como seres equivocados em suas ignorâncias radicais, pois, a única justiça que os mestres da TMCE conheciam era aquela que eles mesmos decidiam.

Já os misericordiosos eram os que tinham algo a esconder, daí se protegerem sendo bons com o próximo; os limpos de coração eram eles mesmos— os membros daquela confraria de amigos de Jó, é claro! afinal, não enxergavam seus próprios corações, pois só viam para fora de si mesmos, e, também, não esqueçamos: lavavam as mãos antes de comer!
 
Os pacificadores eram, em geral, considerados amigos de hereges; os perseguidos por causa da justiça, eram comum-mente aqueles acerca de quem eles patrocinavam o cartaz Wanted Dead or Alive! De preferência, bem dead !

E os injuriados e perseguidos figuravam, sobretudo, como foi no caso dos profetas, em sua lista de Most Wanted ! Esses, afinal, os Profetas, eram sempre a sua pior desGraça, eram os mais terríveis subversivos!

O seu “sal” não era para a Terra, era apenas uma produção egoísta e independente fadada a se petrificar em seus sa-Lei-ros inúteis. Afinal, não se viam no papel de dar gosto à vida, mas, ao contrário, o de roubar-lhe todo o sabor!

Luz do Mundo? Como? Eles não reconheciam nenhum outro mundo que não fosse o deles!

Quanto a Jesus ter vindo para cumprir a Lei, eles se perguntavam: Que Lei? Afinal, Jesus era o des-cumprimento de suas “Leis” a fim de poder ser o único cumpridor da Lei da Graça em nosso lugar, para, então, dizer: “Está Consumado”.

Até mesmo o des-cumprimento da Lei pelos homens—todo aquele que...—, Jesus trata com relatividade quanto a seus efeitos. Ensina-la erradamente, faz alguém ser pequeno; ensina-la corretamente e vive-la, torna alguém grande no reino dos céus. Assim Ele está dizendo que não se deveria jamais ensina-la de modo adaptado e nem tampouco cumpri-la de modo farisaico ou religioso, pois, para Ele, a justiça excede as exterioridades na direção de dentro, pois, nasce no coração.

O que segue é uma des-construção total de todas as “interpretações” da Lei, especialmente as explicitamente defendidas pelos discípulos da teologia dos amigos de Jó, os escribas e fariseus dos dias de Jesus e seus confrades em nossos dias!

“Não matarás”—era o que estava escrito. Homicídio, todavia, é algo que sempre começa, lentamente, nos ambientes de causa e efeito das normas adoecidas do coração, e tem uma progressão que vai da ira sem motivo às tentativas de des-construir o ser do próximo. Por isto, Ele ensina que todo homicida existencial precisar se livrar dos desejos de morte durante o caminho, do contrário, duas coisas lhe acontecerão: ele nunca mais terá nenhuma razão para falar com Deus ou tentar cultua-Lo e, também, esse homem se tornará vítima de seu próprio ódio e se alimentará de suas próprias carnes, por muito tempo—pelo menos enquanto o tempo for tempo!
O adultério, para Ele, acontecia na cama—ou em qualquer outro lugar—apenas depois de ter sido praticado muito tempo antes no coração.
Portanto, os maiores adúlteros podem nunca ter praticado um ato sequer de adultério. É quando o fazer é um detalhe se comparado ao permanente estado de ser dos que nunca cometeram historicamente o delito, mas que vivem em permanente estado de imersão interior nos abismos e dinâmicas permanentes do adultério fantasioso.

O interessante é que entre o tema do Adultério e o do Divórcio, Jesus introduz a questão das perdas circunstanciais ou até mesmo de natureza disciplinar-existencial, que eram nada se comparadas aos ganhos que certos “cortes e amputações” produzem para o bem do ser.

E Sua preocupação maior quando fala do divórcio, não é com o divórcio-em-si, mas com suas vítimas. Naquele caso, era sempre a mulher.
E por quê? Porque naqueles dias ela era o objeto descartável em questão, fruto da dureza de coração de todos nós e todas as sociedades. Ele trabalha contra expor alguém a tornar-se “algo” apenas porque “sem motivo” sua pessoa foi descartada. A denuncia, portanto, recai sobre aquele que “expõe” o outro a ser aquilo que este não deseja ser. E depois, o descartador, ainda faz pior: estigmatiza o “outro” pelo que ele mesmo decidiu: des-carta-lo! Assim, Jesus se insurge contra a estigmatização das desgraças causadas pela infelicidade humana. O que era uma total violação dos ensinos da TMCE!

Juramentos e promessas são por Ele totalmente rejeitados. Primeiro porque ninguém pode bancar nada em espaço ou dimensão alguma da vida.
Depois, porque a única dimensão que vale diante de Deus é a do Hoje.
Portanto, o que Ele espera é que as respostas do ser não sejam piedosas, necessariamente, mas, ao contrário, realidades verdadeiras, como “sim, significando sim” e “não, equivalendo a não”. Para Ele o “maligno” morava na fantasia que falsificava a realidade.

“Olho por olho, dente por dente”—era e ainda é a Lei áurea da TMCE.

Jesus, porém, a relativiza para sempre, mostrando sua des-construção como negação de seus princípios de causa e efeito. Afinal, o que Ele recomenda é o oposto daquilo quem em qualquer Moral social, é chamado de Direito. Ser Seu discípulo não implica em que se obedeça tais Leis de causa e efeito, podemos apanhar, ser obrigados, ser até mesmo altruisticamente abusados. Estamos livres para tal. Ou seja: Jesus recomenda que não obedeçamos as Leis de causa e efeito a fim de podermos ser Seus discípulos. E isto inclui os inimigos, que são os que mais poder tem de nos desviar do curso da Graça e nos fazer cair nas guerras patrocinadas pela TMCE. O que eles esperam é uma reação de causa e efeito. O que Jesus propõe é um efeito (misericórdia) sem causa equivalente!

E, assim, Jesus prossegue des-construindo a Teologia Moral de Causa e Efeito.

“Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte, não tereis galardão junto ao vosso Pai que está nos céus”.

Ora, esta declaração de Jesus nos des-monta de tudo o que a TMCE ensina como verdade, justiça e piedade.

“Perdoa as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores”—é o golpe de misericórdia que Ele dá na estrutura de pensamento desse engano humano.

E pior: as causas de vida e morte na Terra são aquelas cujos efeitos são invertidos nos céus. O dinheiro incluído no pacote das inversões de valores.

E avisa sobre a não causalidade entre o comportamento e a verdade do ser, pois, a “luz que há em ti”, segundo Ele, podem se tornar nossas trevas.

Então, Jesus dá um Xeque-mate! Tem-se que fazer uma opção sobre quem é o nosso Senhor. E, sendo Ele o Senhor, o que sobra é “aborrecer-se” e “desprezar” o antigo senhor, e que agora tem que ser coisa de nosso perdoado passado.

Quando Ele fala das ansiedades da vida e nos recomenda descansar na Graça Providencial de Deus, o que Ele também está fazendo é afirmar que as “Leis de causa e efeito” estão relativizados pela Graça da Providência.

O grito que se faz ouvir em objeção ao juízo contra o próximo, é curto e decisivo. Juízo tem, quem se enxerga. Juízo tem, quem não julga. E juízo tem, quem sabe que por melhor que se veja a si mesmo, jamais se verá completamente. Por isto, é melhor não julgar a alma do próximo nunca. E a razão é simples: as medidas de nosso próprio juízo estão estabelecidas pelos nossos próprios critérios no julgamento que exercemos contra o próximo!

E mais: Ele recomenda que não se use nunca as pérolas da verdade de nosso ser para alimentar quem só gosta de babugem e depois se volta contra nós. A percepção da verdade não a banaliza e nem se faz suicida por ela!

Ao recomendar a oração, Jesus estabelece a quebra dos princípios de causa e efeito. A oração é a devoção que em si quebra as Leis do carma. A oração anula a Teologia Moral de Causa e Efeito, pois, dela, até o pecador sai justificado.

Neste ponto Ele diz que a Lei e os Profetas não eram inimigos entre si. Ao contrário, os Profetas haviam sido os melhores interpretes da Lei. Ou seja: antes do Verbo haver se encarnado, foi nos Profetas que a Lei encontrou sua interpretação e seu melhor cumprimento existencial.

Jesus, porém, nos diz:

“Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a lei e os profetas”.

O “resumo” que Jesus faz de todo o seu ensino é horroroso para o coração honesto. Primeiro, porque ninguém, de fato, indo dos abismos da alma à prática cotidiana, consegue encarnar o tempo todo essa verdade.
Ao contrário: nós vivemos a maior parte do tempo de modo oposto, pois, uma das coisas que a Queda gerou em nós foi um terrível poder de auto-engano e auto-anestesiamento.

A segunda razão pela qual o “resumo” de Jesus é contra nós tem a ver com sua propositividade. Jesus propõe que tomemos a iniciativa sempre— sem amargura, sem troca e sem negociação—e tratemos o próximo, seja ele quem for, do modo como gostaríamos de ser tratados se estivéssemos no lugar dele. E aqui não importa em que lugar o outro está, pois, há única pergunta a fazer é: “E se eu estivesse nesta situação, como gostaria de ser tratado?” Ou ainda uma única confissão de fé a ser declarada sempre: “Sistematicamente farei pelos outros aquilo que desejo que os outros façam também por mim o tempo todo”.

Sem falar que quando alguém não se trata bem costuma piorar no tratamento com o próximo. Aqui todos nós temos que humildemente assumir nosso déficit de bondade e nossa profunda capacidade de nos anestesiarmos na vida. A prova disto é que o mundo é como é—e, pior ainda: a “igreja” é como é!
 

Então, Ele entra no Caminho Estreito e adverte contra o Caminho Largo. Ora, como nos enganamos! Pensamos sempre que o Caminho Estreito é o dos Fariseus e que o Caminho Largo e o dos Publicanos e Pecadores. O Caminho Estreito conduz a Vida, Ele diz.

Então, é fácil saber do que é que Ele está falando. Jesus só recomenda como Caminho aquilo Ele viveu, e como amigos de caminhada, gente como aquela com a qual Ele conviveu.

Como podemos então pensar de modo inverso?

É que somos discípulos da TMCE e não o sabemos. O Caminho Estreito, na Terra, para Jesus, era justamente aquilo que os fariseus chamavam de Caminho Largo. E o que Jesus chamava de Caminho Largo era aquilo que os fariseus chamavam de Caminho Estreito.

O Caminho é Jesus, e o jeito de ser, é também o Dele!
 

Chega então a vez dos “falsos profetas que se apresentam disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores”. E que ironia. Jesus diz que se deve observar causa e feito apenas nas produções do ser.
Isto porque, na utilização do Nome de Jesus com fins lucrativos e roubadores— ou mesmo pela simples e mera auto-sedução narcisista que o poder de encantar e seduzir com o sobrenatural faz nascer como doença em muitos— não há uma relação de causa e efeito entre o ser-devorador (os lobos) e os milagres que acontecem do lado de fora quando o lobo fala usando o nome de Jesus.

Não há nada no mundo espiritual que negue mais as relações de causa e efeito que essa inversão. A Graça de Deus é livre para des-conhecer o suposto “cordeiro-lobista” e levar a Graça do Cordeiro a quem quiser e como bem desejar.

Todavia, que ninguém faça disso a evidência de sua salvação. A salvação é conhecer e ser conhecidos por Deus, em Jesus. E mais: é produzir o fruto que dessa verdade de ser nasce agora naturalmente de modo sobrenatural.

A conclusão Dele nos põe diante da necessidade de escolhermos de duas alternativas, Um Fundamento para a nossa vida. Ou o alicerce de Rocha ou o alicerce das regiões arenosas. A emoção cristã, em geral, quando lê isto aqui é também pervertida. Pensamos na Rocha com categorias farisaicas, com suas manifestações de rigidez, e, sobretudo, de imutabilidade-morta, sem vida e, portanto, estática!
 

Assim, lemos a des-construção da Teologia Moral de Causa e Efeito feita por Jesus, no Sermão do Monte para, então, no final, voltarmos às emoções patrocinadas pelas Tábuas da Lei de Pedra.

Então, transformamos o Sermão do Monte em Lei, e, por essa razão, ele, no mesmo instante, se torna o Sermão do Abismo, pois, como Lei ele apenas nos enferma ainda mais profundamente por dentro, mas não nos resolve como pessoas, nem dentro e nem fora—pois em ambas as “locações” o Sermão do Monte se mostra inviável: dentro, porque sabemos o quão anti-natural ele é para a nossa própria natureza atual, caída; e fora, porque nossas existências, desde o intimo até ao comportamento, inviabilizam sua pratica, isto se não estivermos falando de amestramento na conduta, mas da honestidade de quem quer ser conforme sabe que deveria ser, e não é!

E a maioria de nós existe nesse limbo entre o véu e a revelação, entre as Pedras das Leis e a Graça de Pedra. Mas poucos sabem da Graça da Rocha e da Rocha da Graça.
 

E por quê?
 

Porque nós não cremos, de fato, que Jesus é a Pedra Angular—não o Jesus de nossas invenções, mas o do Evangelho—e nem tampouco cremos que é em Sua Graça que temos a Rocha da Nossa Salvação!

A Rocha é essa Palavra da Graça, que quebra os carmas, destroi os destinos, arrasa as certezas, desmonta os esquemas, a fim de que aquele que se gloria, glorie-se no Senhor. De outra sorte, onde estaria nossa confiança? Na fé no Deus de toda Graça ou na nossa capacidade de sermos o alicerce de nós mesmos?
 

A Graça é onde o poder se aperfeiçoa na fraqueza, daí ser o estarmos fundados nessa Rocha o que nos faz, mesmo em fraqueza, vencermos as ondas, os ventos e os açoites das tempestades , e, não tendo do que gloriar, pomo-nos em pé e dizemos:

Jesus, obrigado por teres feito o Caminho Largo o Suficiente para eu passar! E obrigado, porque na minha fraqueza teu poder se aperfeiçoou e, assim, tendo provado de todos os tempos, épocas e estações da vida, aqui estou para dizer, mais uma vez: ‘Para quem irei? Só Tu tens as Palavras da Vida Eterna!
 

A Rocha é a Graça e a Graça é a Rocha. E a Palavra é a Vida que se vive buscando em fé alcançar e conquistar aquilo que já nos alcançou, embora nós ainda não a tenhamos plenamente conquistado!

E quem é Esse que deve ser Aquele que é o nosso Caminho? E que Caminho é esse? e que Rocha é essa?
 

Jesus é Caminho, Sua Palavra-Encarnada é a Rocha, e Sua Graça é a Lei do caminhar!
 

Jesus é aquele que quando se vê no Pai recebendo um filho—qualquer filho—de volta, de antemão avisa: “Não esperem de mim nada menos que uma festa regada ao melhor vinho, pois os pecados já foram lavados com o melhor Sangue!”.

Nesse Caminho com Ele, que é um tabernáculo em movimento, tem de tudo: demônios de todos os tipos, tempestades, perplexidades, interesses escusos, certezas satânicas, exageros desnecessários, zelos homicidas, familiares em pânico, medo de trair, frágeis certezas de jamais trair, traição explicita e implícita, negação e morte !

Mas, para além disso tudo, vê-se que no Caminho com Ele, os ventos cessam, as ondas se abrandam, as Leis fixas do universo são relativizadas, os demônios sabem quem Ele é e quem somos Nele; e, assustados reconhecemos Quem Ele É!
 

Nesse Caminho as maiores demonstrações de fé vêm de fora da religião, e, também ouve-se a ameaça freqüente que Ele faz para que não se julgue segundo a aparência, mas conforme a reta justiça, pois, não raramente, o que é elevado entre os homens é abominação diante de Deus. Por essa razão, tanto “malandros arrependidos” quanto “réus confessos” podem encontrar seu repouso.

E, para além de tudo isto, a gente vê a morte sendo morta definitivamente na Ressurreição. Todavia, nele também se aprende que se o Verbo entrou no mundo pelas entranhas de uma virgem, Ele, no entanto, saiu da morte ante o olhar de uma mulher, ex-possessa-prostituta!

Assim, a Encarnação des-instala a Moral e a Ressurreição põe o ser-moral no papel de ouvinte provocado, pois, tem que crer no testemunho da Graça nos lábios de quem não gostaria que tivesse sido escolhida, se acontecesse no dia de Hoje—não para dar testemunho do fato da Ressurreição!

Do ponto de vista de uma moral-marketeira-publicitária Madalena seria uma testemunha que não seria selecionada, afinal, ela não tinha nenhuma credibilidade.

Nesse Caminho ninguém é perfeito, mas é da boca de crianças de peito e de pecadores quebrantados onde Ele enxerga louvor.

Sim, nesse Caminho você aprende o que é não estar nem varrido nem ornamentado, porém, sabendo que se a festa já começa com o melhor vinho, que esperar então? Algo menos que a Ressurreição?
 

Nesse Caminho a gente aprende que Ele nos conhece pelo nome, mesmo no dia seguinte àquele no qual o tenhamos negado—então, choramos amarga e docemente!

A Graça é a Lei do Caminho!

E, logo se percebe, porque Ele mostra, que o Caminho é Ele mesmo, é ser dele e ser conhecido por Ele, e que isto nos tira todo medo, e nos conduz à Verdade, e que é somente nela que se pode experimentar a Vida.

Então você olha e o vê em você!

Você já não vive?
 

Não! Ele vive em você!
 

E quem tentará tomar para si esse ser-tabernaculo que se move pelo e no Caminho?
 

Quem?

Não esqueça, o Mais Valente, é o que faz Mais Valer!
 

No Caminho, Ele nos garante sempre! Pois é também apenas no Caminho que somos salvos de nos tornarmos parte de uma geração perversa e que espreita como ave de rapina a alma de seu próximo!
 

No Caminho, “o diabo”, está amarrado e suas possessões na casa do coração são saqueadas pelo Mais Valente! E “ele” está “amarrado” porque o “escrito de dívidas que havia contra nós e que constava de ordenanças” foi irreversivelmente “rasgado e encravado na Cruz”.
 

Nós, por isto, estamos para sempre livres!
 

E quando se fala assim, se diz que a salvação humana só acontece num embate de Deus contra Deus, onde o próprio Deus seja o Réu-Justo, sendo julgado pelo Justo-Juiz, o qual, sendo também o Advogado do réu-réu— o homem—, possa oferecer o Réu-Justo como substituto em lugar do réu-réu. Assim é que o Réu-Justo—aquele que recebe o castigo da mais absoluta justiça divina contra o réu-réu—pode ser, Ele mesmo, também, o Advogado do réu-réu.
 

E, em toda a História só há um lugar onde Deus enfrenta Deus, num combate onde Deus ganha e Deus perde; onde o réu é condenado e absolvido; onde Aquele que é o Justo é feito o Injusto; o que não teve pecado, é feito pecado em favor do homem e de Deus!

Somente na Cruz de Cristo Deus-enfrenta-Deus, e Deus se aniquila e se supera a um só tempo . Na Cruz, Deus vence a Si mesmo e Sua Misericórdia prevalece sobre o Seu próprio juízo; sendo Suas palavras finais a respeito desse Combate, as seguintes: “Está consumado!”

Ou seja: “Esta luta acabou”. Mas para os “amigos de Jó” a luta continua e a alma tem que sofrer todos os dias a dor de acusações que só a tornam menos alma e mais feia!
 

Nós, todavia, não negociaremos, nem por um momento, a libertação que o Evangelho de Cristo nós trouxe de uma vez e para sempre da Teologia Moral de Causa e Efeito!
 

Foi para esses—os discípulos da TMCE—a quem Paulo disse: “Quanto ao mais, ninguém me moleste, pois eu trago no corpo as marcas de Jesus”.
“Sem fé é impossível agradar a Deus”. E sem Deus-contra-Deus é impossível haver uma fé que justifique o homem diante de Deus e que traga a justiça de Deus para a consciência humana. E essa certeza não vem com explicações racionais. Ela é filha de uma inerente e incompartilhável certeza de harmonia com Deus, mesmo no caos! E é filha da presença da Cruz sobre nós!

Aos amigos de Jó, o Evangelho diz que o Senhor Jesus contou uma parábola:
 

Propôs também esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros:

Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um, fariseu, e o outro, publicando.

O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, Graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho.
 

O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador!

Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado.
 
?

Somente “os amigos de Jó” podem ler o Evangelho de Jesus e continuar pensando como os fariseus. A Ética do Amor—que é a única ética do Evangelho— nega todos os pressupostos da Teologia Moral de Causa e Efeito.

A Graça inverte os pólos da Ética, que, em Cristo, se vincula não à Moral, mas à obediência amorosa a Deus; e se expressa como resposta da consciência do amor à inconsciência do próximo, mesmo que seja o inimigo!

E só assim se pode estar livre para agir desse modo, porque quem vive na Graça também já não tem mais nada a provar. Afinal, ou é ou não é! e também não depende nem de quem quer nem de quem corre, mas de usar Deus de misericórdia para com esse ser humano! para conosco! os que nos entregarmos em fé!
 

Conforme o apostolo João, a si mesmo se purifica, no amor, todo aquele que tem em Jesus sua esperança. Dessa forma, o Evangelho insiste em que se ande no Caminho da Vida, cuja Porta é Estreita—embora esteja aberta a todos—e que nos põe sobe a Lei do Amor.

Sim! o Evangelho insiste em que a Lei do Amor é o melhor de todos os fundamentos para a vida!

E isto, para agora usarmos outra imagem, nos faz ramos da Videira Verdadeira, tornando-nos, assim, pela prática da palavra-amor, Seus ramos-discípulos.

E dessa Videira são cortados apenas os ramos que se auto-excluem pela presunção de pensarem que o ramos pode dar fruto de si mesmo.

À esses, a Videira diz: “Sem mim nada podeis fazer!!!”

Assim, somos chamados a mamar o amor de Deus e a crescermos Nele na frutificação do amor e da misericórdia praticada uns aos outros.
Isto fará com que o mundo nos odeie!

Afinal, o mundo, incluindo sobretudo a moral religiosa, é feito de todos os ramos que auto-engaram-se crendo que o ramo pode produzir fruto de si mesmo!

O mundo são todos os ramos que não vivem da seiva da Videira, por isto secam e são lançados ao fogo.

Todo aquele que não depende da seiva da Graça que da Videira Verdadeira procede—não importa quem ele seja—, jamais produzira o fruto que permanece, pois, este, é o fruto do amor e da vida que brota do casamento do ramos com a Videira-Jesus!
 

Esses não são nunca amigos de Jó, pois, na Graça, foram feitos amigos de Jesus, pois, à esses, Ele disse tudo o que tinha ouvido de Seu Pai-Agricultor:
 

“Quem me ama, guarda os meus mandamentos; assim como eu amo o Pai e guardo os Seus mandamentos. E os mandamentos, são um: que vos amais uns aos outros, assim como eu vos amei.”



Caio Fábio

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Em seus passos em quem votaria Jesus?


Confesso que passei este período eleitoral quase que inteiramente evitando tocar no ponto nevrálgico chamado POLÍTICA...confesso que tentei, mas não consegui! Foi mais forte do que eu e preciso expressar em poucas (se possível) e neutras linhas (será possível?) um pouco do que vislumbram meus olhos e meu coração.


Ouvi alguém dizer que para política, religião e futebol não é necessário utilizar a razão e sim a paixão. Será mesmo?

Em relação à questão religião já ensaiei alguma coisa aqui no blog, quanto à questão futebolística me divirto muito, adoro implicar com qualquer um que não seja são paulino, adoro deixar alguns ardorosos torcedores irritados e nervosos (sim, às vezes eu provoco além da medida – sou ré confessa dessa prática), mas quanto à política, realmente me sinto pisando em ovos.

Creio que podemos e devemos ser pessoas informadas, a alienação política é um dos grandes causadores desse caos que hoje chamamos de GOVERNO em nosso país.

Já disse Platão:
“Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política. Simplesmente serão governados por aqueles que gostam.”
 Em meio a essa corrida insana dos últimos dias de campanha eleitoral, vendo pastores utilizando suas ovelhas como massa de manobra e curral eleitoral, vendo a demonização de um único partido (do qual não sou filiada e muito menos simpatizante nos dias de hoje), enfim, vendo tanto lixo sendo dito e defendido em nome Dele, deparei-me com a seguinte questão: o que Jesus faria como eleitor brasileiro, em quem votaria? Comecei a divagar sobre o tema, com medo de me aprofundar, com medo de também demonizar, com medo de escrever muita besteira (talvez cometa todos esses erros, afinal de contas, o post ainda não chegou ao fim...) 

Mas enfim, tentarei ir ao cerne da questão: como Jesus se comportaria numa eleição? Você pode argumentar: “Roberta, não há como saber... Cristo não vivenciou um regime democrático.”. Sim, isto é fato público e notório. O mesmo viveu em meio ao domínio do Império Romano. 

Temos, então, uma questão a ser debatida: Jesus vivia debaixo do domínio político e econômico de Roma, os primeiros cristãos também viveram tal domínio e, sejamos francos, já ouve em toda história maior iniquidade institucionalizada do que o deslumbrante e cruel Império Romano? Aquilo que dizem que acontecerá em nosso país, caso o partido “X” se perpetue no poder, seria fichinha diante daquilo vivenciado por Cristo e seus discípulos em sua contemporaneidade. 

 Me pergunto e te pergunto: O evangelho deixou de florescer? Os planos de Deus foram frustrados porque “A” ou “B” estavam governando? 

Parece uma interrogação simplista e que leva a um comportamento alienante, mas na verdade quero deixar explícito que o cerne da nossa fé não deve estar baseado em quem está governando, pois o poder está na verdade do evangelho [Rm 1:16] e não em nenhuma estrutura humana. Muitas vezes a intervenção do homem é mais maléfica do que beneficiante, que nos diga o “apoio” de Constantino instituindo o cristianismo como religião oficial do Império Romano, e introduzindo tantas deturpações na essência do caminhar cristão. 

Ouso questionar: será a intenção de alguns transformar o país num grande gueto gospel? Será essa a razão dessa caça às bruxas sem muita reflexão e seriedade? 

Não vejo Jesus incitando seus seguidores a tomarem pontos estratégicos de poder no governo de sua época, não que isso seja pecado ou proibido, podemos e devemos ocupar lugares de projeção nos mais diversos setores da sociedade, desde que sejamos VOCACIONADOS para tal projeto e não com o intuito de praticar proselitismo e defender interesses de uma parcela da população. 

Pelo pouco que compreendo da mensagem do evangelho: o Reino deve ser anunciado a TODOS, que venha o Teu Reino [Lc. 11:2], assim Jesus nos ensinou. Que venha o Reino que é Dele e que também é nosso sobre TODOS os setores de nossas vidas e sociedade. 

Mas voltando à pergunta inicial: em seus passos, em quem votaria Jesus? Sinceramente, não sei te responder. Mas posso afirmar que o Jesus com o qual caminho e a quem busco conhecer diariamente respeita a individualidade e nos deu uma palavra que é lâmpada para os nossos pés e luz para o nosso caminho [Sl 119:105]. Além disso, suas palavras são de que estaria conosco todos os dias, até a consumação dos séculos [Mt 28:20] e isto inclui dias de eleições também. 

Tendo Jesus como companhia e sua palavra como guia, creio que estou habilitada a fazer escolhas sensatas. Simples assim? Sim...pelo menos acho que seja assim. 

 Desejosa por andar na verdade, 

 Roberta Lima (Via Meninas do Reino)

Fonte: Blog de Hermes C. Fernandes

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

POR-TANTO...!


POR-TANTO... é assim que ficou! Mas tudo para a Glória de Deus! Aleluia!


QUANDO eu encontrei e fui encontrado pelo Senhor na linha do tempo, em julho de 1973, vinha de um ambiente de tantas lutas, vigilâncias, cuidados, brigas, ameaças, etc.— que, para mim, tudo o que eu sentia que acontecia na “igreja” [já naquele tempo] era aceitável, diante das loucuras que eu antes experimentara.

Então, as vaidades, as ambições, as disputas, as buscas, os sonhos megalômanos, etc. — tudo passou a ser “santificado ao Senhor”, desde que fosse para o bem do Evangelho, da igreja e do povo; e mais: desde que no processo de tais coisas acontecerem se mantivesse o padrão ético/espiritual/cristão em cada procedimento.

Assim, um cantor com a ambição de cantar para o maior numero possível de pessoas, sendo “do mundo”, era visto como um ambicioso e megalômano. Mas se um cantor evangélico desejasse o mesmo, seria legitimo; pois se cria que as motivações dele eram todas para a gloria de Deus.

O mesmo se pensava acerca de tudo o mais...

Sem ser para o “ministério” todo desejo de grandeza era surto da carne, mas sendo “para a gloria de Deus” todas as fantasias estavam aprovadas e santificas, e quanto mais impossíveis ou improváveis de acontecer fossem os desejos/sonhos/visões, maior seria a “gloria de Deus” naquele que abrisse aquela porta ou realizasse aquele grandioso feito.

HOJE ninguém tem mais dúvida que toda loucura “passa” diante do povo se for feita em nome de Deus!

PORTANTO, em nome de Deus tem-se permissão para que se fique arrogante, inflado, soberbo, vaidoso, narcisista, megalômano, mal-educado, ofensivo, calunioso, ganancioso, sórdido, e objetivamente utilitário — desde que tudo seja feito com muitos aleluias; e, PORTANTO, “para a gloria de Deus”.

POR-TANTO... ASSIM... era impossível que tudo não ficasse como tudo ficou. Afinal, pior do que o mundo irreligioso, é tudo aquilo que sendo “espiritualmente mundo” se faz em nome de Deus.

A religião tende a fazer daqueles que mais a servem [...] agentes 007 com licença divina para fazer tudo o que seja abominação ao Senhor ensinada ao homem “comum” [como tudo o que acima mencionei], desde que os RESULTADOS OBJETIVOS E MATERIAIS justifiquem os crimes contra o Evangelho e seu santo espírito, o Espírito de Cristo.

E nas vidas de todos aqueles que “para a gloria de Deus” “santificaram” suas loucuras, sonhos, delírios, ambições, vaidades, soberbas, ganancias, narcisismos, arrogâncias, insaciabilidades, usos, abusos, expropriações de todos os tipos e culto ao próprio ventre — virá doença pior do que aquela da qual padecem os feiticeiros.

Quem tem olhos para ler, leia; quem tem ouvidos para ouvir, ouça!

Nele,

Caio Fábio

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

PROFISSÃO: PASTOR OU IMPOSTOR?







Por Hermes C. Fernandes

Não se enganem, senhores! O que estas fábricas de pastores estão entornando no mercado religioso não são, de fato, pastores, mas apenas robocops dos púlpitos, programados para repetir a ladainha dos seus mentores; papagaios de pirata, desprovidos de personalidade, treinados para reproduzir não apenas a mensagem de seus líderes, mas também seu tom de voz, seus trejeitos e cacoetes. São peões de obra em ministérios megalomaníacos, cuja missão é animar auditório, produzir gente robotizada,  bater metas financeiras que banquem os projetos pessoais de seus gurus.  São gerentes de franquias que só oferecem fastfood religioso. Seu guia não é a Bíblia, mas livros de autoajuda que abundam no mercado literário gospel. Em vez de se atualizarem teologicamente, preferem buscar modelos que dão certo, que garantam rentabilidade e crescimento vertiginoso. O que importa, afinal, não é o que é certo, mas o que dá certo. Maquiavel é o seu patrono.

Pastores não são feitos no atacado. Não são montados com peças pré-fabricadas como numa linha de produção da Ford. Antes, são feitos artesanalmente, um a um, pelo supremo oleiro, modelados e levados ao forno das provações. Não são provenientes dos seminários, mas do discipulado. Não estão preocupados em demonstrar erudição bíblica citando de cor versículos que justifiquem suas preferências doutrinárias. Preferem demonstrar amor no trato com o seu semelhante. Em vez de citar passagens bíblicas, buscam encarná-las em seu viver diário. Não incitam o ódio entre os diversos grupos humanos, mas patrocinam o diálogo respeitoso entre eles, mesmo não concordando com suas práticas. Não almejam dominar, mas servir. Nem mandar, mas ser exemplo. Não escondem suas limitações, disfarçando-as num discurso moralista, mas assumem-nas,  deixando claro que ainda estão em fase de acabamento.  Em vez de fingir perfeição, pautam pela coerência. Em vez de perseguirem o sucesso a qualquer custo, esmeram-se para ser fiéis.

A palavra chave do ministério pastoral não é glamour, mas renúncia. O pastor genuíno não almeja ser carregado num andor, e sim, carregar sua própria cruz. Sua obsessão não são os holofotes, mas fazer com que Cristo cresça enquanto ele diminua até desaparecer.

Quando dois pastores se encontram, não perguntam quanto tem sido arrecado em seus cultos e sim quantas vidas têm sido alcançadas pelo amor de Cristo.  Não competem entre si para ver quem atinge maior popularidade. Não se cartam de suas conquistas materiais. Não contam vantagens para se sobressaírem  Em vez disso, buscam estimular uns aos outros com suas experiências obtidas com suor e lágrimas, na dependência da graça de Deus.

Mesmo em seus dias de folga ou de férias, pastores de verdade não deixam de ser pastores. Eles tiram férias do púlpito, mas não tiram férias de Deus e de Sua obra. Estão sempre disponíveis, com seus celulares ligados para atender a qualquer pessoa que lhe recorra em busca de socorro. O púlpito que usa não é pedestal ou vitrine de onde exibe seus dotes, mas “altar” onde oferece sua vida em sacrifício por amor ao rebanho que lhe foi confiado. Ocupá-lo é muito mais que um dever, um privilégio, um prazer inigualável, um voto de confiança dado por Aquele que o chamou.

Ao cuidar do rebanho, o pastor declara seu amor por Cristo, consciente de que um dia terá que prestar contas de cada uma de suas ovelhas, da maior à menor, da mais rica à mais pobre. Ele não as trata de acordo com a contribuição que dão, mas de acordo com alto preço pago por suas almas na Cruz.

O privilégio de servir a Deus no pastorado é tão grande que estou certo de que se necessário fosse, um pastor verdadeiro se disporia a pagar qualquer preço. Não por esperar retorno, visto não ser um investimento. Mas exclusivamente por amor. Não são poucos os pastores que são obrigados a trabalhar em serviços seculares por não quererem onerar a igreja. Outros, por se dedicarem em tempo integral, são mantidos pela igreja.  Ambos são igualmente honrados, pois não servem a Deus por dinheiro. Porque quem assim o fizer, servirá ao diabo por um salário maior.

Apesar de a classe estar tão desvalorizada, sinto-me honrado por ter sido escolhido para o desempenho deste serviço.  Se há muitos falsos pastores no mercado religioso atual, há também inúmeros pastores segundo o coração de Deus que sofrem na pele todo tipo de discriminação e preconceito por causa daqueles.  Esses santos homens de Deus devem ser honrados e amados tanto por seu rebanho quanto por seus colegas de ministério.

Que Deus levante cada vez mais homens comprometidos com o Seu Reino e Sua justiça, que amem a Deus e ao Seu rebanho muito mais que à sua própria vida.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Você pouparia este Jesus?


Por Hermes C. Fernandes


- Alguém aí me acusa de pecado?[1]

Esta pergunta fora feita por ninguém menos que o Filho de Deus.

Até onde sabemos, ninguém ousou se pronunciar. Mas pensando bem... alguns cristãos modernos talvez tivessem sérias acusações a fazer. 

Abaixo, segue uma lista de supostos pecados que Ele teria cometido:

Sentou-se e comeu com gente da pior espécie.[2]

Aceitou presentes de prostitutas.[3]

Foi conivente com o vício ao transformar água pura em bebida alcoólica de ótima qualidade.[4]

Foi flagrado conversando com uma mulher de moral duvidosa, e ainda por cima, samaritana.[5]

Impediu a execução justa de uma adúltera descarada, e ainda expôs seus delatores.[6]

Quebrou o santo mandamento do sábado várias vezes (pelo menos, segundo a interpretação dos sábios e piedosos judeus).[7]

Exaltou a figura de um pária em uma de suas parábolas, enquanto desmascarou a religiosidade apática de uma casta religiosa.[8]

Elogiou a fé de um oficial romano (provavelmente um idólatra) na frente de seus patrícios.[9]

Tocou e deixou-se tocar por leprosos, o que, pela Lei, tornava-o imundo.[10]

Não fez média com autoridades; pelo contrário, chamou Herodes de raposa.[11]

Xingou gente piedosa de ‘cobras e lagartos’, enquanto tratou com cavalheirismo quem não merecia nem atenção.[12]

Falou com gente morta (dois de uma vez!).[13]

Hospedou-se na casa de um corrupto.[14]

Traiu os anseios populares ao abonar o recolhimento de impostos por parte do império que ocupara suas terras.[15]

Contou historinhas com mensagens subliminares e teor subversivo.[16]

Pediu arrego no momento de maior pressão.[17] 

Questionou o abandono do Seu Deus na hora da morte.[18]

Garantiu o acesso ao paraíso a um meliante condenado à morte.[19]

Promoveu a desordem ao entrar em recinto sagrado munido de chicote. [20]

Sabotou o sistema financeiro ao expulsar cambistas e negociantes do pátio do templo. [21]

Celebrou reuniões secretas com seus seguidores pedindo sigilo absoluto. [22]

E para completar o vexame, foi exposto completamente nu, vestindo unicamente uma coroa de espinho e três cravos que penetraram sua carne.

Esse Jesus não soa ‘subversivo’ demais? Não teria sido melhor crucificá-lo mesmo? Será que os crentes de hoje o poupariam? 

Alguém com este currículo deve ser detido o quanto antes, para que sua doutrina não se espalhe pelo tecido social, resultando na subversão da ordem vigente.  



[1] João 8:46
[2] Marcos 2:16
[3] Lucas 7:37
[4] João 2:9
[5] João 4:27
[6] João 8:4
[7] João 5:16
[8] Lucas 10:33
[9] Mateus 8:10
[10] Marcos 1:41
[11] Lucas 13:32
[12] Marcos 8:38
[13] Mateus 17:3
[14] Lucas 19:5-7
[15] Mateus 22:21
[16] Mateus 13:34
[17] Mateus 26:39
[18] Mateus 27:46
[19] Lucas 23:43
[20] João 2:15
[21] Mateus 21:12
[22] Foram várias, antes e depois da ressurreição.

* Os fatos não estão em ordem cronológica.

Fonte: Blog de Hermes C. Fernandes