quarta-feira, 13 de maio de 2015

Um clamor pela Cura do Mundo


Por Hermes C. Fernandes



O mundo está doente. Basta passar os olhos pelas manchetes dos jornais para constatar isso. E quem, por mais desumano que fosse, daria as costas a um paciente neste estado? Geralmente, ao menor sinal de enfermidade, corremos para o médico. Por mais romântica que seja a visão que tenhamos do céu, o fato é que ninguém quer morrer. O céu pode esperar. Na última noite, por exemplo, foi acometido por um mal estar súbito. Minha pressão foi a 19 por 11. Minhas mãos e pés ficaram gelados. Tive calafrios. A única coisa que ouvia dos lábios dos meus filhos era: pai, você precisa de um hospital urgentemente. Quem me conhece sabe o quanto evito ter que recorrer ao médico. Porém, o receio de que as coisas piorassem fez com que deixasse tudo e saísse às pressas para o hospital. Graças a Deus, sobrevivi. Foi um baita susto. Mas o Senhor, em Sua infinita misericórdia poupou meus filhos de ficarem órfãos a esta altura da vida. Agora, imagine se ao chegar ao hospital os médicos se negassem a me prestar socorro. Talvez eu não estivesse aqui agora digitando este post. Aliás, eu deveria estar de repouso, mas não quero desperdiçar a oportunidade de compartilhar o que o Senhor me permitiu compreender.

O fato é que a igreja tem se negado a prestar socorro a um mundo em estado terminal. Alguns, por se sentirem impotentes, achando que não há nada que possa ser feito para reverter o quadro. Outros, por simples negligência. Em outras palavras, uns até querem, mas acham que não podem. Enquanto outros, sabem que podem, mas não querem. Porém, a grande maioria ignora que o propósito de Deus seja o de curar o mundo.

É lamentável perceber que enquanto a igreja se distancia da realidade, profetas seculares emprestam os lábios à graça comum para expressar o anseio da criação por cura. Em sua canção "Heal the World" (Cure o Mundo), Michael Jackson diz: "Na graça, não podemos sentir medo ou pavor. Nós paramos de existir e começamos a viver (...) Então faça um mundo melhor (...) Cure o mundo! Faça dele um lugar melhor pra você e pra mim e toda a raça humana. Tem pessoas morrendo. Se você se importa o suficiente com os vivos, faça do mundo um lugar melhor (...) E os sonhos que foram concebidos revelarão um rosto alegre. E o mundo, uma vez que acreditar, vai brilhar novamente em graça. Então, por que continuamos estrangulando a vida, machucando a terra, crucificando sua alma? (...) Em meu coração, sinto que somos todos irmãos. Crie um mundo sem medo. Juntos choramos lágrimas de felicidade. Veja as nações transformarem suas espadas em arados. Nós podemos chegar lá!"

Este foi um dos últimos sucessos do cantor norte-americano antes de sua morte.

Outro "profeta secular" que se deixou instrumentalizar pela graça comum para expressar tais anseios foi Lulu Santos. Em sua canção "A cura" ele diz: "Existirá, em todo porto tremulará (se hasteará) a velha bandeira da vida. Acenderá todo farol. Iluminará uma ponta de esperança. E se virá, será quando menos se esperar. De onde ninguém imagina. Demolirá toda certeza vã. Não sobrará pedra sobre pedra. Enquanto isso, não nos custa insistir na questão do desejo. Não deixar se extinguir. Desafiando de vez a noção na qual se crê que o inferno é aqui. Existirá e toda raça, então, experimentará para todo o mal a cura."

Em minha opinião, de todas as canções seculares, nenhuma expressa tão bem tal anseio e esperança do que "Perfeição" de Renato Russo:"Venha! Meu coração está com pressa. Quando a esperança está dispersa, só a verdade me liberta. Chega de maldade e ilusão. Venha! O amor tem sempre a porta aberta, e vem chegando a primavera. Nosso futuro recomeça. Venha, que o que vem é perfeição.

Devo confessar que encontro mais conteúdo legitimamente cristão nas letras destas canções do que na maioria das que tocam hoje nas rádios evangélicas. Mas deixemos esta crítica para outra ocasião. Meu objetivo neste post é revelar a esperança que ainda há por parte da criação, mas que, infelizmente, boa parte da igreja parece ter perdido.

Na cabecinha de muitos crentes, nosso único papel é enviar pessoas para o céu. Para os tais, quanto pior estiver o mundo, melhor. Isso apressaria a volta de Jesus. Esta postura ridícula equivaleria estar à beira de um leito hospitalar torcendo pela morte do paciente.

Deus não desistiu da criação! Deus não desistiu da humanidade! Deus não desistiu do Seu mundo. Isso mesmo. Este é o mundo de Deus. Ele não é rascunho, mas um esboço prestes a ter seus traços reforçados pelas mãos do grande arte-finalista.

O pecado borrou a obra-prima de Deus. Mas não é nada que a borracha da graça não possa apagar e o pincel do amor não possa refazer.

O que a igreja parece ignorar é que ela faz parte do processo de cura deste mundo.

Fonte: Blog de Hermes C.Fernandes