sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós!



“Que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo, e que deixes livres os quebrantados, e despedaces todo jugo...” ISAÍAS 58:6


“Liberdade não é meramente tirar as correntes de alguém, mas sim viver de uma forma que respeita e aumenta a liberdade dos outros”.
NELSON MANDELA


Não temos o direito de restringir a liberdade de quem quer que seja. O mandamento de Deus é claro: “Não oprimirás o teu próximo, nem o roubarás” (Lv. 19:13). Toda opressão é roubo, pois é privação da liberdade, um dos mais importantes direitos humanos.

A presença do Espírito Santo visa disseminar a genuína liberdade no Mundo, pois“onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade” (2 Co.3:17). Não apenas liberdade no sentido de “ir e vir”, mas liberdade no sentido de não viver debaixo de jugo algum, nem espiritual, nem emocional, nem social.

Toda opressão é contrária à justiça do Reino de Deus. Ninguém tem o direito de oprimir seu próximo, ou explorá-lo, servindo-se de seu trabalho, sem lhe dar paga alguma.

O que mantém as pessoas sob opressão ou escravidão é a falta de conhecimento. Somente o conhecimento da verdade é capaz de produzir plena liberdade. Foi Cristo quem anunciou: "Conhecereis a verdade, a verdade vos libertará". E Ele mesmo Se identifica como "a verdade". É por Ele que conhecemos nossa condição espiritual e somos desafiados a transcendê-la. Devemos, portanto, conhecer, não apenas à Sua pessoa, ou à Sua doutrina, mas também à Sua obra, e ao Seu modus vivendi.

Sua morte vicária na Cruz foi a carta de alforria assinada com o Seu próprio sangue. Estamos finalmente livres! Ninguém mais tem o direito de dominar-nos a seu bel-prazer. Infelizmente, nem todos têm acesso a esta poderosa verdade, e por isso, aceitam passivamente a exploração e a servidão.

Imagine que depois de tanto tempo que a Lei Áurea foi assinada pela Princesa Isabel, ainda haja gente trabalhando em regime de escravidão em nosso País. Esta é uma triste realidade. Pessoas trabalham por comida e estadia. São exploradas, privadas de sua dignidade, e se não produzirem o exigido por seus senhores, são submetidas aos mais severos castigos. O fato é que tais “senhores” se aproveitam da ignorância de seus “criados”, para mantê-los sob seu ferrenho domínio.

A morte de Cristo atribui dignidade a todo ser humano independente de raça, cor, religião ou sexo. “Cristo nos libertou para que sejamos de fato livres” (Gl.5:1a). Não podemos nos colocar “debaixo de jugo de escravidão”.

Essa liberdade deve ser partilhada com nosso semelhante. E isso fazemos quando proclamamos “liberdade aos cativos” (Is.61:1b), e trabalhamos para que toda estrutura injusta de domínio seja denunciada desbaratada.

Paulo nos informa que o fim desta Era virá quando Cristo “tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver destruído todo domínio, e toda autoridade e todo poder. Pois convém que ele reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo dos seus pés” (1 Co. 15:24-25). E será através da ação profética/social da igreja, que tais estruturas serão destruídas.

Isso nos coloca numa posição marginal/subversiva neste mundo. Estamos no ramo de demolição de estruturas de poder. Não as demolimos com armas carnais, e sim espirituais e poderosas em Deus (Confira 2 Co.10:4). Não precisamos nos engajar numa luta arma, numa revolução militar, política ou ideológica. As estruturas de poder ruirão depois que forem fragilizadas pela infiltração da verdade. Resistência, denúncia, profetismo, ação social e discipulado são algumas das munições usadas por nossas armas espirituais.

Não podemos nos aliar aos poderes deste mundo, ainda que estejamos, por ordem divina, submetidos às autoridades constituídas. Devemos lealdade unicamente a Cristo e ao Seu Reino. Quando nos aliamos aos poderes deste mundo, estamos traindo nosso chamado. Vale aqui a exortação do salmista:

“Até quando defendereis os injustos, e tomareis partido ao lado dos ímpios? Defendei a causa do fraco e do órfão; protegei os direitos do pobre e do oprimido. Livrai o fraco e o necessitado; TIRAI-OS DAS MÃOS DOS ÍMPIOS. Eles nada sabem, e nada entendem. Andam em trevas”. SALMOS 82:2-5a

Paulo faz coro com esta verdade, ao declarar que “os poderosos deste mundo” estão destinados a serem aniquilados, pois nenhum deles conheceu a verdadeira sabedoria,“pois se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor da glória” (1 Co.2:6,8). Por isso, o salmista diz que “eles nada sabem, e nada entendem”. Aliar-se a tais poderes, é o mesmo que aliar-se a algo destinado a ser completamente aniquilado. Devemos, como povo de Deus, optar pelos oprimidos, pelos fracos, pelos explorados, pelos excluídos, pelos pobres, pelas minorias.

Até quando as igrejas cristãs se manterão aliadas aos poderosos? Até quando aqueles que alegam representar Cristo na Terra vão continuar se promiscuindo com os opressores? Não há meio termo. Quem deseja viver e propagar a justiça do Reino, tem que fazer uma opção pelos oprimidos, e não pelos opressores. Tal qual Cristo, devemos optar pelos excluídos, os menos favorecidos, e trabalhar para tirá-los das mãos dos seus algozes.

O sábio rei declarou: “Informa-se o justo da causa dos pobres; mas o ímpio não quer saber disso” (Pv. 29:7). O ímpio está sempre “lavando as mãos”, como fez Pilatos. Ele prefere omitir-se, em vez de tomar posição em favor dos menos favorecidos.

Tanto os profetas, quanto os apóstolos, aliaram-se às camadas mais necessitadas, em vez de se aliaram aos poderosos. Por isso, eram considerados subversivos, e foram duramente perseguidos.

Contrário a qualquer tipo de discriminação social, Tiago escreve: “Se na vossa reunião entrar algum homem com anel de ouro no dedo, e com trajes de luxo, e entrar também algum pobre andrajoso, e atentardes para o que tem os trajes de luxo, e lhe disserdes: Assenta-te aqui em lugar de honra, e disserdes ao pobre: Fica aí em pé, ou assenta-te abaixo do estrado dos meus pés, não fazeis distinção entre vós mesmos, e não vos tornais juízes movidos de maus pensamentos? Ouvi, meus amados irmãos: Não escolheu Deus aos que são pobres aos olhos do mundo para serem ricos na fé e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam? Mas vós desonrastes o pobre. Não são os ricos os que vos oprimem e vos arrastam aos tribunais?” (Tg.2:2-6). Fica claro nessa passagem que o próprio Deus prioriza o pobre, o oprimido, o necessitado.

Temos a obrigação de livrar o fraco e o necessitado. Alguém precisa falar-lhe da verdade libertadora do Evangelho. Alguém tem que contar-lhe da dignidade que Cristo lhe conferiu. “Glorie-se o irmão de condição humilde na sua alta posição. O rico, porém, glorie-se na sua insignificância, porque ele passará como a flor da erva”(Tg.1:9-10).

Uma revolução está a caminho, mas que não demandará derramamento de sangue, nem violência. Será a revolução do amor, da paz e da justiça.

“Assim diz o Senhor: Exercei o juízo e a justiça, e livrai o oprimido das mãos do opressor. Não oprimais mais ao estrangeiro, nem ao órfão, nem à viúva, e não façais violência, nem derrameis sangue inocente neste lugar.” JEREMIAS 22:2

Violência gera violência. Não se apaga fogo com fogo. Devemos transformar nossas armas em arados, e qualquer desejo de vingança em perdão. A profecia messiânica diz que Cristo “exercerá o seu juízo entre as nações, e repreenderá a muitos povos. Estes converterão as suas espadas em arados e as suas lanças em podadeiras. Não levantará espada nação contra nação, nem aprenderão mais a guerra”(Is.2:4). Eis nossa esperança!

“Assim diz o Senhor dos Exércitos: Executai justiça verdadeira; mostrai bondade e misericórdia cada um a seu irmão. Não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre, nem intente o mal cada um contra o seu irmão em seu coração”.ZACARIAS 7:9-10

As viúvas e os órfãos representam para nossa sociedade as classes desassistidas, aqueles para os quais a corda rompe primeiro. Nossa sociedade está cheia de órfãos de pais vivos. Nossas crianças e adolescentes estão crescendo sem qualquer assistência. Embora o Estatuto da Criança e do Adolescente represente um avanço considerável, precisamos de políticas mais eficazes, que promovam uma educação de qualidade para nossos filhos. O que será de uma geração inteira que cresceu aos cuidados da babá eletrônica?

E quanto aos nossos velhos? Até quando morrerão nas filas do INSS? São viúvos do Estado. Estão entregues à própria sorte.

O estrangeiro representa o diferente, o pertencente a outra realidade, outra crença, outra ideologia. É triste constatar como os imigrantes brasileiros são explorados no Exterior. Geralmente, trabalham por menos que o salário mínimo do país.

Uma etnia não tem o direito de dominar pessoas de outra etnia. Não há raças superiores, nem física, intelectual, ou espiritualmente.

Também é triste assistir ao crescimento dos bolsões de miséria, das favelas e guetos, habitados por aqueles que deixaram seus rincões, no afã de obterem melhores oportunidades na cidade grande.

“O estrangeiro não afligirás, nem o oprimirás, pois estrangeiros fostes na terra do Egito.” ÊXODO 22:21 
“Como o natural entre vós será o estrangeiro que peregrina convosco. Amá-lo-eis como a vós mesmos, pois fostes estrangeiros na terra do Egito. Eu sou o Senhor vosso Deus.” LEVÍTICO 19:34 
“Pois o Senhor vosso Deus é o Deus dos deuses, e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e terrível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita suborno. Ele faz justiça ao órfão e à viúva, e ama o estrangeiro, dando-lhe alimento e vestes. Amai o estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra do Egito.” DEUTERONÔMIO 10:17-19

Deus apela à compaixão. Só podemos nos compadecer daquele que passa por algo pelo qual um dia passamos. Somos um país de imigrantes. Quem não é imigrante, é, no mínimo, filho, neto ou bisneto de imigrante. Os únicos que têm suas raízes fincadas nesta terra há mais tempo são os indígenas. Os demais descendem de europeus, africanos e orientais. Portanto, antes de agirmos com preconceito, ou explorarmos mão-de-obra estrangeira, lembremo-nos de nossos ancestrais.

O trato que Deus ordenou que Seu povo dispensasse ao estrangeiro era de tal ordem, que é usado como referência para o trato que devemos dispensar a nossos irmãos, quando estes atravessarem alguma dificuldade econômica:

“Quando teu irmão empobrecer e as suas forças decaírem, sustentá-lo-ás como a um estrangeiro ou peregrino, para que viva contigo.”LEVÍTICO 25:35

Quem diria... Em vez de o estrangeiro ser tratado como irmão, o irmão que deveria ser tratado como estrangeiro. Porém, hoje, tratar um irmão como se fosse um estrangeiro, seria considerado um total descaso, dado o desprezo com que tratamos àqueles que consideramos diferentes de nós.

Se amamos a liberdade, devemos promovê-la, ainda que isso nos custe a privação momentânea desta mesma liberdade.

Fonte - Blog de Hermes C. Fernandes