quarta-feira, 1 de abril de 2015

LEMBRANÇAS, FRAGRÂNCIAS, CHEIROS E SUBLIMIDADES!


Lembro...

Ganhei ótima memória...

Tudo é muito vivo em mim!

Em mim o passado e o presente se fundem em memorias alegres e calmas.

Até as dores antigas se tornaram doces e meigas...

Como infante [...] ainda lembro de muita coisa.

Lembro do meu desespero de fome aos dois anos..., do meu primeiro castigo com dois anos e meio..., lembro do cheiro da cama do papai e da mãe..., lembro do cheirinho de cada travesseiro da casa..., lembro do hálito doce da Mãe Velhinha..., do odor permanente de hortelã na boca do tio Lucilo..., do perfume das colônias da Vovó Zézé..., das cochas grossas das minhas tias..., da pele suave das minhas primas e vizinhas..., do odor das árvores da casa, e da inundação olfativa que experimentava todos os fins de semana na floresta.

Na realidade de pouca coisa não me lembro de três anos de vida para cá!

Carrego todos os que amei e amo em meus depósitos de memorias/imagens/cheiros da minha alma!

Sou um menino de cheiros e que se tornou um homem de olfatos e percepções...

Entre-tanto [...] há um aroma sublime que Mamãe, Adriana, eu e Ana experimentamos uns dias depois do sepultamento do papai no dia 14 de setembro de 2007.

Fomos ao cemitério...

Minha única ida ao cemitério apenas para ver uma tumba.

Nunca fui de tumbas...
Mas fomos.
Que susto!

A tumba era de uma pedra negra imponente e, paradoxalmente simples.

Umas florinhas singelas num canteirinho nas costas dela.

Flores vermelhas e brancas.

E a ambiência...

Sim, entramos juntos num clima, numa bolha de sublimidade, num sentir coletivo, numa alegria silenciosa e comunicada, num portal de amor sereno e poderoso.

Meu Deus! O que era aquilo?
Todos sentimos tudo.
As mesmas coisas.
Do mesmo jeito.

E quando falamos uns com outros não sentimos necessidade de explicar.

As perguntas: “Vocês estão sentindo isto?”—eram as de todos nós, simultaneamente.

Era um cheiro-presença-sublime de vida!

Duas outras pessoas, sem que eu lhes dissesse qualquer coisa, me relataram a mesma experiência em outras ocasiões.

Emanações do mal e do bem se perpetuam como fenômeno energético psíquico nas camadas do inconsciente coletivo planetário.

Infelizmente cada vez mais ficam os resíduos psíquicos dos entes que não amavam ou mesmo odiavam lotam tais camadas.

Mas quando um ente santo parte, seu cheirinho de céu fica pra trás, e os afeitos a tal fragrância a sentem sem qualquer esforço.

Ah, eu lembro tanto... — que é assim que estou agora!

Caio