sábado, 24 de outubro de 2015

O Pai é nosso quando o pão também o é



Por Hermes C. Fernandes


Pai nosso que está no céu, porém, sempre acessível a todos que o buscam. Que seu nome jamais seja profanado por aqueles que dizem representá-lo.

Que o seu reino nos encontre onde quer que estejamos, e que sua vontade  prevaleça sobre nossos projetos pessoais. 

Que a terra seja uma extensão do céu, lugar onde a justiça e o amor andem de mãos dadas.

Que o pão que nos for dado cotidianamente seja compartilhado com os demais em vez de ser guardado para o dia seguinte. Que o acúmulo de bens seja considerado o cúmulo do egoísmo, enquanto sua distribuição generosa desperte em nós a esperança de dias melhores.

Que o perdão que nos foi graciosamente concedido, seja prodigamente estendido aos demais. Que assim como fomos perdoados, possamos igualmente perdoar, sem exigir reparação. E que jamais nos aproveitemos da dívida alheia para chantagear ou tirar proveito em benefício próprio.

Não nos deixe cair na tentação de achar que somos o centro do universo, merecedores de atenção especial, agindo como se o mundo nos devesse alguma coisa. Nem nos permita ser tentação aos outros, a fim de expor sua fraqueza, e assim, justificar a nossa.

Livra-nos do mal, principalmente, daquele que possamos fazer ao próximo, mesmo que isso nos traga alguma vantagem.

Que jamais nos esqueçamos de que o Pai é nosso, e não de uns ou de outros; mas o reino é dele, e por isso, admite nele quem ele quiser, sem ter que dar satisfação a ninguém. Seu reino é infinitamente maior do que o perímetro que nossa espiritualidade egoísta nos permite ver. O pão é nosso, mas o poder de concedê-lo pertence a ele. Se este poder nunca cessa, sua provisão também jamais faltará. Que desculpa teríamos para acumular em vez de repartir? Que justificativa haveria para a nossa ganância e cobiça? A dívida perdoada era nossa, e nada fizemos para merecer seu perdão. Os méritos são dele. Logo, a glória deve ser atribuída inteiramente a quem de direito.  Dele foi a iniciativa, e a ele caberá a finalização. Ele é o início e o fim. A nós, seus filhos, cabe a alegria de sermos o meio, o canal através do qual sua superabundante graça alcance também os demais. 

Se o Pai, o pão e o perdão são nossos, então, somos todos irmãos. 

Que assim seja.