sábado, 8 de março de 2014

O Universo de Stephen Hawking

Você já teve um Déjà vu?


Por Hermes C. Fernandes


Déjà vu é uma reação psicológica em que o indivíduo tem a impressão de já ter estado no mesmo lugar antes, ou já ter visto alguém com quem acaba de encontrar, ou ainda, já ter vivido uma situação. O termo é uma expressão da língua francesa que significa, literalmente, já visto.

Quem nunca foi invadido por esta sensação súbita? Quem nunca se pegou pensando: 'eu já passei por isso"?

E por que passamos por isso? Por que somos levados a viver a mesma experiência repetidas vezes? Creio que a vida se assemelha a uma escola. Estamos aqui pra aprender. Assim como um aluno é obrigado a revisar toda a matéria já estudada ao ser reprovado, só avançamos em nossa jornada existencial depois de haver aprendido as lições ministradas em cada etapa. Portanto, se sentimo-nos como os hebreus andando em círculo pelo deserto do Sinai, é possível que ainda não tenhamos avançado em nossa compreensão dos propósitos de Deus. 

Acredito que foi esta a sensação que Pedro teve em um de seus últimos encontros com Jesus. Três anos e meio se passaram, desde que se encontrara pela primeira vez com o Filho de Deus. O cenário era o mesmo: o mar de Tiberíades (também conhecido como Mar da Galiléia). A situação, idem. Depois de uma noite inteira de redes vazias, Pedro já estava desanimado. Toda sua experiência como pescador não fora suficiente para garantir-lhe uma boa pesca. Parecia que o mar não estava pra peixe. 

"Eu já vi este filme antes", pensaria Pedro se vivesse em nossos dias. Só falta aparecer Jesus! 

De repente, ouve-se uma voz:

- Filhos, tendes alguma coisa de comer?

A voz soou familiar, mas ninguém se atrevia a arriscar um palpite. 

A resposta era óbvia: NÃO!

Pelo que Jesus ordenou: 

- Lançai a rede à direita do barco e achareis.

Até aquele momento tudo os remetia àquele primero encontro. Porém, a ordem dada à época diferia daquela dada então. Da primeira vez, Jesus ordenara que lançassem a rede em alto mar. Porém, agora, ordenou-lhes lançá-la do lado direito do barco.

Mesmo que Ele nos permita viver situações semelhantes, Ele tem liberdade para dar-nos instruções diferentes em cada uma delas. Por isso, parece-me inútil acreditar que se possa decorar Seu modus operandi. Seus movimentos são imprevisíveis. 

Ainda que a lição a ser aprendida seja a mesma, Ele sempre inclui algum elemento novo. 

Imagine se Pedro dissesse: Ok, Senhor. Já sei o que fazer. Basta lançar a rede em alto mar como da outra vez, certo? Ele ouviria um sonoro 'não!'.

- Desta vez você vai lançá-la do lado direito do barco. 

Embora a circunstância o remetesse a um Déjà vu ("já visto"), a orientação recebida não poderia ser considerada um "Déjà entendu" ("já ouvido"). Uma expressão desconhecida por muitos é Jamais vu, do francês "nunca visto", e significa explicitamente não recordar de ter visto algo antes. É o oposto de Déjà vu. Eu diria que a sensação de Pedro naquele instante não foi nem de Déjà vu nem de Jamais vu, mas de Presque vu, que significa "quase visto". Frequentemente, alguém que experimente um presque vu dirá que está à beira de uma epifania (revelação). 

Tudo o que Deus nos permite viver sempre trará um elemento novo, inédito, jamais visto, ou jamais ouvido. Caso já tenhamos visto, devemos redobrar nossa atenção ao que será ouvido, pois poderá ser uma instrução completamente nova. Se nossos olhos já viram isso antes, nossos ouvidos jamais ouviram, ou vice-versa. Portanto, jamais será um Déjá vu completo, mas quando muito, um Presque vu

Por quarenta anos, os filhos de Israel viram o mesmo cenário, e tiveram experiências aparentemente repetitivas. Porém, a orientação dada por Deus era sempre nova.

Por mais competentes que sejamos naquilo que fazemos, precisamos submeter-nos à instrução do Mestre. Ele sabe onde estão os peixes. Ele é quem coloca as pessoas certas em nosso caminho; quem nos abre portas de oportunidade; quem nos faz enxergar a situação de outra perspectiva, etc.

Viver sob a orientação de Deus é, de fato, uma aventura. Jamais nos acostumaremos com Ele. Nossa retina sempre surpreendida, nossa rotina sempre rompida.  

E quanto aos resultados?

Na primeira pesca maravilhosa, as redes se romperam, de maneira que muitos peixes retornaram ao mar. Mas na segunda, as redes se mantiveram intactas. Nenhum peixe se perdeu. Por isso, foi possível contabilizar o resultado: 153 grandes peixes. O resultado foi além de qualquer expectativa, tanto do ponto de vista quantitativo, quanto qualitativo. Eram muitos e eram bons. 

Não basta um bom resultado se este não for permanente. Talvez Pedro tenha reforçado sua rede ao perceber que ordem partia de Jesus. Por que correria o risco de ver metade dos peixes voltarem para o mar? 

Mas a história não termina aqui. Prepare-se para o Grand Finale!

Quando Pedro e seus colegas voltaram para a praia, tiveram uma surpresa: Havia uma fogueira com peixe e pão assado. Isso lembra aquele adágio popular que diz: Quando você vinha com o milho, eu já vinha com o fubá. 

Onde Jesus teria conseguido aquilo? Se já havia pão e peixe pra eles, por que dar-lhes o trabalho de pescar? Que mensagem Jesus intencionava transmitir-lhes? 

Mesmo já tendo providenciado comida por conta própria, Jesus lhes diz: "Trazei alguns dos peixes que apanhastes".

O que isso nos sugere?

Primeiro: Deus não precisa de ajuda de quem quer que seja. Ele é auto-suficiente. Ele sabe Se virar sem nós. Entretanto, somos nós que precisamos desesperadamente d'Ele. Ele, sem nós, segue sendo Deus. Nós, sem Ele, somos nada. 

Segundo: Apesar disso, Ele graciosamente nos propõe uma parceria. Simplesmente para dar-nos o privilégio de sermos participantes em Suas realizações. Com isso, a glória segue sendo exclusivamente d'Ele, mas a alegria é nossa. Enquanto Jesus conseguiu aquele peixe sozinho, eles não teriam pego peixe algum sem Ele. 

Não foi necessário Jesus apresentar-Se. Àquela altura, todos já O haviam reconhecido. E mesmo sendo o Senhor, Jesus fez questão de, uma vez mais, servir aos Seus discípulos, sendo aquela a terceira vez que Se manifestava após a ressurreição. 

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O EVANGELHO E O SERVO INÚTIL!...


Jesus nos apresenta dois contextos nos quais a idéia de Servo Inútil aparece.
O primeiro é o de Mateus:
Porque isto [...] é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens. E a um deu cinco dinheiros, e a outro dois, e a outro um; a cada um segundo a sua capacidade; e, depois disso, ausentou-se logo para longe. Ora, tendo ele partido, o que recebera cinco dinheiro negociou com eles, e ganhou outros cinco. Da mesma sorte, o que recebera dois, que veio a ganhar também outros dois. Mas o que recebera um, foi e cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor.
Muito tempo depois veio o senhor daqueles servos, e fez contas com eles!...
Então [...] aproximou-se o que recebera cinco dinheiros, e trouxe-lhe outros cinco dinheiros, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco; eis aqui outros cinco dinheiros que ganhei com eles.
E o seu senhor lhe disse: Muito bem, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
Chegando também o que tinha recebido dois dinheiros, disse: Senhor, entregaste-me dois; eis que com eles ganhei outros dois.
Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
Mas, chegando também o que recebera um talento, disse: Senhor, eu Te conhecia, e sei que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; e, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu.
Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Servo mau e negligente; sabias [?] que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei? Devias então ter dado o meu dinheiro aos banqueiros e, quando eu viesse, receberia o meu com os juros.
Tirai-lhe, pois, o dinheiro; e dai-o ao que tem os dez. Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver até o que tem ser-lhe-á tirado.
Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes.

A segunda afirmação de Jesus sobre o Servo Inútil está em Lucas:
E qual de vós terá um servo a lavrar ou a apascentar gado, a quem, voltando ele do campo, diga: Chega-te, e assenta-te à mesa? E não lhe diga antes: Prepara-me a ceia, e cinge-te, e serve-me até que tenha comido e bebido, e depois comerás e beberás tu?
Porventura dá graças ao tal servo, porque fez o que lhe foi mandado? É certo que não!
Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer.

No evangelho de Mateus a idéia positiva, a que faz um Servo Bom, é a confiança na Graça e a gratidão pelo privilégio de ser quem se é para Deus; sem medo de expressar e aumentar o dom da Graça em nossa vida; o que significa viver a plenitude de nossos dons, talentos, recursos e possibilidades; sendo que a ênfase recai sobre a alegria no servir como vida e do viver como serviço que dá sentido ao existir.
Já o Servo Inútil recebe um severo castigo...
E quem é esse Servo Inútil conforme Jesus declarou em Mateus?
Ora, é aquele que crê em Deus com raiva de Deus; e que projeta em Deus sua própria raiva de ser e existir; e que apenas crê em Deus como um fato inegável, porém desgraçado; visto que tal Deus é por tal pessoa visto como cruel e inimigo da alegria e da aventura de ser e crer; e, por tal razão, essa pessoa transfere para Deus sua própria visão mesquinha da vida, buscando assim não perder o que seja de Deus; porém, sem entender que o que Deus quer não é o dom que Ele deu, mas sim que a pessoa cresça conforme a confiança que tenha no fato de que Deus é amor, e também quanto à realidade de que Ele nunca dá sem que peça depois, e também nunca pede mais do que a capacidade de cada um de desenvolver.
Aqui em Mateus o que faz um Servo Inútil é a Amargura que se faz transferir para Deus e para a vida!
Sim! Pois toda amargura é paralisante!...
Já no evangelho de Lucas o Servo Inútil é aquele que é pago para fazer as coisas, mas, ainda assim, quer que ao chegar de suas tarefas o patrão se levante para agradecer!
Sim! Trata-se daquele tipo de assalariado que nunca é voluntário para nada, mas que deseja que o Patrão seja grato por ele fazer apenas aquilo que é pago para fazer!
Assim, em tal caso o Servo Inútil é o Funcionário do Bem, mas que nunca éVoluntário do Bem!
O Servo Inútil [ou] esconde com raiva a chance de servir... [conforme Mateus]; ou, então, é aquele que acha que a vida tem uma divida para com ele; portanto, realizando ele apenas o que lhe for mandado como tarefa de um salário, mas sem jamais se oferecer para a vida como um voluntário; sem cheque list, porém checando a vida e se dispondo a servir sem pensar em recompensa.
Desse modo o Servo Inútil é aquele que recebe o dom da Graça e o enterra sob a alegação de que servir a Deus é coisa dura e arriscada; ou, então, é aquele que serve a Deus e à vida na esperança de ser visto como herói de algo que nada mais é do que mera obrigação; ou seja: de algo cujo pagamento é a Graça de fazer.
Servo Inútil é todo aquele que diz:
“Não fiz nada, mas não atrapalhei... Afinal, Deus é duro!”
Ou então:
“Fiz tudo o que me mandaram. Recebi muito por isto. Mas onde está o reconhecimento?...”
Os amargurados fazem a primeira declaração com muito orgulho...
Os narcisistas, legalistas, justicistas e auto-referentes fazem a segunda declaração com cobrança ingrata...
Acerca de ambos os casos e espíritos [...] Jesus apenas diz...
Mateus:
Tirai-lhe, pois, o talento; e dai-o ao que tem os dez talentos. Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver até o que tem ser-lhe-á tirado.
Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes.
Lucas:
Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer.
Agora veja...
Se você não oscila entre dias nos quais você esconde a Graça com raiva de Deus por mera amargura contra a vida...
Ou, então...
Veja se você não é daqueles que fazem a obrigação que é remunerada com Graça inefável, e, ainda assim, desenvolve expectativas que o Patrão da Vida não dispensará a você jamais...
Amargurados e Narcisistas não ganham nada de Deus!
O Servo Bom é aquele que se sabe tão inútil, que, por tal razão, vê em toda chance de servir algo que é apenas um Indizível Privilégio!

Nele, que assim disse que é,

Caio