quarta-feira, 20 de novembro de 2013

SOMENTE EM CRISTO DEUS PODE SER DISCERNIDO COMO AMOR


Não é possível conhecer a Deus em um vínculo de confiança sem iluminação da Graça.

Na Natureza... em toda a sua grandeza e maravilha... se pode conhecer — pelas impressões causadas pela beleza, pela harmonia, pela complexidade simples, pelo estranho testemunho do Existir das coisas — a certeza de que Deus é impossivelmente necessário ao sentido do Universo.

Porém, pela Natureza, chega-se apenas ao “crer em Deus” como Algo, não como Alguém que é Amor.

A Natureza dá testemunho esmagador de Deus como Necessidade ao Sentido do Existir. Mas dificilmente alguém vai além disso...

Por isto as crenças em Deus que não vêm da Revelação de Deus sobre Si mesmo não passam do Fato/Fator/Deus.

Sim, pois como aos sentidos humanos a Natureza parece ser Impessoal, o máximo que se depreende de tal encontro com Deus na Natureza leva a mente humana ao mais puro budismo, mas não cria a consciência de que Deus é Pessoa, é amor.

Como diz Paulo em Romanos 1 [...] a Natureza tem o poder de acabar com a idolatria de si mesma quando se a percebe como criação divina. No entanto, tal percepção não enternece ninguém, sem uma revelação adicional e pessoal, ao ponto de conduzir alguém a um vinculo com o Alguém/Amor.

Daí a revelação de Deus aos Hebreus ter sido tão especial e divina. Sim, pois onde quer que a divindade seja uma pessoa, em geral surge o politeísmo como decorrência da pessoalidade do divino.

Um só Deus e que seja também Pessoa absolutamente Única e Amorosa em Verdade e Justiça Misericordiosa e Imparcial, somente nos alcança se algo para além de nós mesmos se manifestar.

Do contrario, na ideia da divindade pessoal surge a pluralidade que decorre da projeção das nossas pessoalidades, e, assim, Deus se torna deuses...

Sem a revelação de Deus sobre Si mesmo, toda ideia humana sobre um deus/pessoa conduz invariavelmente à idolatria das pessoalidades tão múltiplas quanto as nossas projeções dos humanos, surgindo assim os deuses de projeções de pessoalidades.

Daí tais deuses serem sempre iguais a nós, carregando nossas ambiguidades e ambivalências...

Quando chegamos a Jesus — Eu e o Pai somos um — temos algo tão para além da compreensão..., que não nos é possível compreender por meios próprios. Sim, por todas as razões DEUS EM CRISTO é um absurdo, mas, sobretudo, pelo fato que Esse que Encarna Deus, Ama com uma paixão sem romance; ama em espírito, a tal ponto que Nietzsche disse ter lido os Evangelhos e não ter encontrado alma humana em Jesus, posto que buscasse também a projeção do humano, conforme ele, Nietzsche, entendia o homem a partir de si mesmo...; e, por tal olhar, ele não encontrou em Jesus o que julgasse que seria uma alma, ou seja: a passionalidade e a parcialidade do amor conforme nos humanos.

Entretanto, até mesmo olhando para o Jesus da História, não se encontra Deus, mas a beleza do Homem, do Filho do Homem.

É a revelação direta do próprio Deus ao coração humano, de modo a não ser explicado, o que pode trazer-nos ao entendimento que transcende as lógicas, e, assim, gerar a certeza de que Deus estava em Cristo.

Sim, somente assim Jesus vai além do Filho do Homem e chega a ser para o homem o Filho de Deus, na perspectiva de que o Pai e o Filho são Um.

Entretanto, crer no Filho do Homem, segundo Jesus, põe aquele que assim veja a Jesus [...] no Caminho de abraçar o amor de Deus no amor que devote aos humanos, e que fará aquele que assim haja na vida um dia ouvir: “Entre, bendito do meu Pai, pois tive fome e me deste de comer”...

Nesse caso, a imanência de Deus no Filho do Homem leva o homem a transcender na pratica da imanência do amor do homem pelo homem, na vida.

Quando, porém, se discerne Deus em Cristo, se transcende num nível de consciência e deliberação lúcida que gera intimidade relacional com Deus.

Assim, sem humanidade de Encarnação, é impossível aos humanos discernirem qualquer coisa do amor de Deus na perspectiva de que Deus é Amor.

Sim, pois mesmo na Antiga Aliança, a ênfase não era no amor de Deus, mas sim na Sua Justiça e Verdade.

É em Cristo Jesus que Deus é Amor, e tudo mais decorre desse Amor!

É também no mistério da fusão de Deus no Filho do Homem e no Filho de Deus, que Deus é amor para nós, e sem lugar para a idolatria, por mais próximo do humano que tal fato faça Deus se tornar.

É a revelação da Absoluta Singularidade de Jesus o que acaba com a idolatria.

Pense nisto!

Caio

Ed René Kivitz - Pólvora

Aprenda com Deus a liquidar de vez os seus inimigos


Por Hermes C. Fernandes

Quem não gostaria de livrar-se de vez dos seus inimigos? Pois para espanto de muitos, a receita pra isso pode ser encontrada nas páginas da Bíblia. 

Digamos que Jesus nos ofereça os ingredientes, Paulo nos ensina a misturá-los, e Pedro nos ajuda e levá-los ao forno. Antes mesmo de sermos apresentados aos ingredientes, retornemos no tempo, e vejamos o que diz um dos mais ilustres ancestrais de Jesus Cristo, ninguém menos que Salomão: “Sendo os caminhos do homem agradáveis ao Senhor, até a seus inimigos faz que tenham paz com ele”(Pv.16:7). Haveria melhor maneira de liquidar os inimigos do que reconciliando-nos com eles? Por favor, não desista de ler o restante do texto. A coisa não é tão simples e óbvio quanto parece. Agüente aí. 

Se quisermos “liquidar de vez” nossos inimigos, nossos caminhos terão que ser agradáveis a Deus. O que significa que temos que fazer as coisas do jeito d’Ele, e não do nosso. A parte que cabe a Deus já foi feita. Paulo, o apóstolo, declara que Cristo é a nossa paz, e que através de Sua cruz derrubou a parede de separação que havia entre os homens, e “na sua carne desfez a inimizade” (Ef.2:14-15). Portanto, a base da reconciliação entre os homens já foi lançada. A parede ruiu! Nada há que nos impeça de sair ao encontro de nossos desafetos e oponentes. Não temos que esperar por eles, e sim, partir em sua direção, propondo-lhes uma trégua permanente. E como isso é possível? 

Deixemos que Jesus nos diga como: “Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus. Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo?” (Mt. 5:44-46).  Qualquer tentativa de reaproximação entre desafetos será fadada ao fracasso, caso não seja patrocinada pelo amor. Por isso, antes de dar o primeiro passo, temos que estar certos de que somos motivados pelo mais puro dos sentimentos. Amar aos inimigos não é opcional. É isso evidenciará que somos filhos do Pai Celestial, que concede o sol e a chuva a santos e profanos, gratos e ingratos. Nada nos torna mais parecidos com Deus do que o amor indiscriminado, subversivo e incondicional. Uma vez amando-os, devemos fazer boa propaganda deles, ajudando-lhes na construção de sua reputação, ainda que nos difamem e caluniem, e procurem jogar nossa reputação na lama. 

E não pára por aí. Quem ama e fala bem, deve igualmente promover o bem de quem lhe odeia. E pra fechar com chave de ouro: oremos por quem nos trata mal. E não se trata de orar pedindo forra, mas desejando que as mais ricas de bênçãos dos céus cubram a vida de nossos opositores. Vivemos sob a égide da Nova Aliança, e, portanto, não faz sentido fazer orações imprecatórias, suplicando que a ira de Deus alcance nossos inimigos. Foi inspirado nas Palavras de Jesus, que Paulo escreveu:“Abençoai aos que vos perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis” (Rm.12:14).  “Abençoar” significa falar bem e/ou promover o bem de alguém. “Amaldiçoar”, portanto, é o inverso, istoé, falar mal e/ou promover o mal de alguém. Veja o que Pedro diz sobre isso: “Não tornando mal por mal, ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo; sabendo que para isto fostes chamados, para que por herança alcanceis a bênção” (1 Pe.3:9).  Não abençoamos apenas por ser um mandamento, mas também por ser a nossa vocação. Ao bendizer, estamos, ao mesmo tempo, sendo canais através dos quais outros são alcançados pelas bênçãos divinas, e recipientes destas mesmas bênçãos. Em outras palavras, herdamos as bênçãos que liberamos a outros. Se alguém nos prejudicou, nossa reação deve ser contrária a esta conduta. Se pagarmos o mal com o mal, o ciclo se retroalimentará, e por fim, o mal prevalecerá no mundo. Quando porém, no lugar do mal recebido, bendizemos, o ciclo é interrompido, e a paz finalmente é estabelecida. 

Nossas palavras devem ser coerentes com nossas ações. De que adianta falar bem de quem não estamos dispostos a abençoar efetivamente? E mais: nossas palavras devem ser coerentes com nossos sentimentos. Alguns dizem que o amor exigido por Cristo não é um sentimento, mas meramente uma atitude. Discordo veementemente. Se não, Paulo não teria dito que devemos ter o mesmo sentimento que houve em Cristo. Seria hipocrisia dizer algo, e sentir outro completamente diferente. O amor não pode ser fingido, como bem sinalizou Paulo. Dizer “eu te amo”, enquanto o coração está cheio de rancor é, no mínimo, enganar a si mesmo. 

Como saber se, de fato, amamos e perdoamos a nossos inimigos? Eis a prova dos nove: “Alegrai-vos com os que se alegram, e chorai com os que choram (...) A ninguém torneis mal por mal” (Rm.12:15,17a) Você certamente já leu isso inúmeras vezes, ou ouviu seu pastor recomendar fortemente que a alegria de seu irmão fosse celebrada, e suas dores lamentadas. Porém, se observarmos o contexto imediato, perceberemos que Paulo está falando de nosso relacionamento com aqueles que nos querem mal. Portanto, não se trata de ser solidário com a dor de um irmão, ou partilhar com o mesmo da sua alegria. Antes, trata-se de celebrar a alegria de seu inimigo, ao passo que lamentamos suas tragédias. Caso contrário, o perdão que lhe houvermos liberado não passará de uma farsa.  

É plausível supor que Paulo tivesse em mente as palavras do sábio Salomão, inspiradas pelo Espírito Santo : “Quando cair o teu inimigo, não te alegres, nem se regozije o teu coração quando ele tropeçar; para que, vendo-o o SENHOR, seja isso mau aos seus olhos, e desvie dele a sua ira” (Pv. 24:17-18). Como é difícil alcançar este ideal! Só mesmo dependendo da graça celestial para não sentir-nos vindicados ao vermos um inimigo se estrepar. A gente diz que perdoou, mas no fundo, espera que a justiça de Deus o alcance a qualquer momento e o arrebente. Assim, celebramos a miséria do inimigo, enquanto lamentamos profundamente suas vitórias. Isso não é amor! Se não nos convertermos desta postura egoísta e rancorosa, jamais teremos paz com os nossos inimigos, como prometido em Provérbios. Ainda que a justiça divina esteja tratando fortemente com algum desafeto nosso, devemos lamentar, em vez de comemorar. Caso contrário, Deus desviará dele a Sua ira, e passará a tratar diretamente conosco. 

A outra evidência de que perdoamos e amamos aos nossos inimigos está no fato de disponibilizarmos nossos recursos para suprir-lhes as necessidades. Veja o que diz Paulo: “Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem”  (Rm.12:20-21)  Nesta recomendação, mais uma vez o apóstolo se inspira nos provérbios de Salomão. Este, por sua vez, deve ter recordado das palavras de seu pai, Davi, no Salmo 23: “Preparas uma mesa perante mim, na presença de meus inimigos. Unges a minha cabeça com óleo e o meu cálice transborda” (Sl.23:5). Já ouvi pregadores dizerem que tal afirmação tem como foco a forra que a justiça divina nos proporciona sobre nossos inimigos. Deus nos prepararia um banquete para esfregarmos na cara daqueles que duvidaram de nossa competência, ou que se colocaram em nosso caminho para nos prejudicar. A verdade é que este salmo não fala de forra ou de revanche, mas de partilha. Deus nos prepara um banquete para que possamos compartilhá-lo com nossos inimigos. Assim, sua fome e sede serão saciados, e o bem prevalecerá sobre o mal. Enquanto nossa cabeça for ungida com óleo, sobre a cabeça deles se amontoarão brasas de fogo. Em outras palavras, o combustível do amor estará em nós, mas a sua chama arderá neles, e assim, suas consciências recobrarão a sensibilidade há muito perdida.