quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Paciência este é fruto que precisamos exercitar sempre!

Romanos 04


1  QUE diremos, pois, ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne?
2  Porque, se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus.

3  Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.
4  Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida.
5  Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça.
6  Assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras, dizendo:
7  Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos.
8  Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado.
9  Vem, pois, esta bem-aventurança sobre a circuncisão somente, ou também sobre a incircuncisão? Porque dizemos que a fé foi imputada como justiça a Abraão.
10  Como lhe foi, pois, imputada? Estando na circuncisão ou na incircuncisão? Não na circuncisão, mas na incircuncisão.
11  E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé, quando estava na incircuncisão, para que fosse pai de todos os que crêem, estando eles também na incircuncisão; a fim de que também a justiça lhes seja imputada;
12  E fosse pai da circuncisão, daqueles que não somente são da circuncisão, mas que também andam nas pisadas daquela fé que teve nosso pai Abraão, que tivera na incircuncisão.
13  Porque a promessa de que havia de ser herdeiro do mundo não foi feita pela lei a Abraão, ou à sua posteridade, mas pela justiça da fé.

14  Porque, se os que são da lei são herdeiros, logo a fé é vã e a promessa é aniquilada.
15  Porque a lei opera a ira. Porque onde não há lei também não há transgressão.
16  Portanto, é pela fé, para que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda a posteridade, não somente à que é da lei, mas também à que é da fé que teve Abraão, o qual é pai de todos nós,
17  (Como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí) perante aquele no qual creu, a saber, Deus, o qual vivifica os mortos, e chama as coisas que não são como se já fossem.
18  O qual, em esperança, creu contra a esperança, tanto que ele tornou-se pai de muitas nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência.
19  E não enfraquecendo na fé, não atentou para o seu próprio corpo já amortecido, pois era já de quase cem anos, nem tampouco para o amortecimento do ventre de Sara.
20  E não duvidou da promessa de Deus por incredulidade, mas foi fortificado na fé, dando glória a Deus,
21  E estando certíssimo de que o que ele tinha prometido também era poderoso para o fazer.
22  Assim isso lhe foi também imputado como justiça.
23  Ora, não só por causa dele está escrito, que lhe fosse tomado em conta,
24  Mas também por nós, a quem será tomado em conta, os que cremos naquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus nosso Senhor;
25  O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação.



Por Hermes C. Fernandes

Todos os anos é a mesma coisa. Os líderes eclesiásticos anunciam a "palavra profética" que guiará seus ministérios durante o decorrer do novo ano. Geralmente são frases de efeito tais como "Ano da Dupla Honra", "Ano da Conquista", "Ano da Multiplicação", "Ano da Restituição", etc.

Eles bem que poderiam ser um pouco mais criativos, lançando frases como "Ano da Humildade","Ano do Amor ao próximo", ou "Ano do Perdão", e admitir que não se trata de palavras proféticas, mas tão-somente de slogans cujo objetivo é atrair o interesse das pessoas para os seus ministérios. Tudo não passa de marketing.

Mas quem se sentiria atraído por tais slogans? Quem está interessado em servir ao semelhante, perdoar os inimigos, andar humildemente? Todos querem mesmo é ter suas necessidades supridas, seus desejos saciados, seus sonhos realizados.

Enquanto isso, entidades seculares lançam campanhas de conscientização contra o racismo, a corrupção, a devastação do meio-ambiente, etc. A Igreja Católica, por seu turno, lança campanhas falando de solidariedade, fraternidade e até de ecologia.

Se a igreja evangélica não der uma guinada de 180 graus, vai acabar perdendo o pouco que lhe resta de credibilidade e pertinência.

O fato é que, tornamo-nos agremiações religiosas anacrônicas, centradas em seu próprio umbigo, indiferentes às demandas da sociedade. Só damos a cara a tapa quando o assunto é de ordem moral, como o homossexualismo. Não estamos preocupados com a corrupção crônica de nossa sociedade, nem com questões éticas e sociais. Nossas marchas são sempre com a intenção de demonstrarmos nosso capital político, a fim de barganharmos com os poderes constituídos. Não somos boca para os mudos, nem mãos estendidas para os excluídos.

As igrejas deixaram de ser voz profética em favor do oprimido, para tornarem-se franquias de ministérios megalomaníacos, cuja mensagem é pasteurizada, os cultos padronizados, e os obreiros (cópias fiéis de seus líderes) produzidos em série numa escala industrial. Por isso, sucursais (não congregações) pipocam a dois por um em todo território nacional.

O mundo nos menospreza, e não sem razão. Deveríamos nos envergonhar desse triunfalismo infantil e barato, voltando-nos para fora de nós mesmos, isso é, na direção do outro, de suas necessidades, de seus questionamentos.

Em Sua primeira aparição pública após o batismo, Jesus escolheu uma passagem das Escrituras e leu-a em plena sinagoga, usando-a como anúncio de intenção do Seu ministério:
"O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para anunciar boas-novas aos pobres. Enviou-me para proclamar liberdade aos cativos, dar vista aos cegos, para libertar os oprimidos, e anunciar o ano aceitável do Senhor." Lucas 4:18-19

Infelizmente, fazemos uma leitura espiritualizada desta passagem, perdendo sua essência subversiva e revolucionária. Os pobres em questão não eram pobres espirituais, e sim vítimas daquele sistema corroído pela injustiça. Além de pobres, Jesus também os chama de cativos, cegos e oprimidos. Aquele era o anúncio da chegada de um novo tempo, chamado de "Ano aceitável do Senhor". Tratava-se da proclamação da chegada do Reino de Deus, em que vigoraria a graça, e que priorizaria os excluídos e marginalizados pelo sistema.

Acabando de ler essa passagem, Jesus "fechando o livro, devolveu-o ao assistente e assentou-se. Os olhos de todos na sinagoga estavam direcionados para ele. Então começou a dizer: Hoje se cumpriu esta Escritura que acabastes de ouvir" (vv.20-21).

Aquele "ano aceitável" ainda não terminou. Independentemente do calendário a que estamos submetidos, aquela palavra não perdeu sua vigência. É sob ela que a igreja cristã deve avançar, ignorando agendas políticas e ideológicas, e promovendo a subversão reinista.*

O problema não é adotarmos slogans, lemas anuais, ou coisa parecida. O problema é perdermos o foco, voltando-nos para nossos projetos pessoais em detrimento do projeto do Reino. A igreja Reina, à qual sirvo como bispo, também adota lemas anuais. O deste ano é "Escolhidos para acolher os esquecidos". Com este lema, queremos enfatizar o fato de que, se fomos escolhidos, não foi para viver em função de nós mesmos, e sim, para abraçar os rejeitados. A escolha soberana de Deus não deve ser vista apenas como um privilégio, mas como um voto de confiança. Porém, para nós, este não é o "Ano dos Escolhidos" ou coisa parecida. Mas continua sendo o "Ano aceitável do Senhor".

Espero que esta reflexão contribua para o amadurecimento da igreja cristã no Brasil.

Tenham todos um 2013 surpreendente, repleto de amor, sinceridade, perdão, fidelidade, e todas as virtudes  impressas em nosso caráter pelo Espírito da Graça.

* reinista = alusivo ao reino de Deus
Aproxime o olhar, enxergue arte em sua volta!