quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Pelados, sem uma mão na frente e outra atrás


Por Hermes C. Fernandes

Recentemente, o programa "Amor & Sexo" veiculado pela Rede Globo de Televisão causou escândalo ao exibir corpos inteiramente nus. Homens e mulheres comuns surgiram no palco dançando e pulando com suas genitálias à mostra. Sem dúvida, a nudez segue sendo um tabu em nossa sociedade. Mesmo os artistas que compunham a banca do programa demonstravam estar surpresos com a ousadia da direção do programa. Olhos arregalados e bocas abertas revelavam o grau de perplexidade da plateia, indicando o desconforto que deve ter gerado na audiência. 

Enquanto refletia sobre a repercussão da estreia da nova temporada do programa apresentado por Fernanda Lima, fui remetido a um misterioso episódio narrado no evangelho segundo Marcos. 

O clima era tenso. Jesus acabara de ser identificado por um beijo. Um dos seus discípulos tentara impedir sua prisão e quase tira a vida de um dos soldados do sinédrio. Ainda bem que ele não era tão bom de mira. Em vez de acertar o pescoço, arranca a orelha. No meio da confusão, alguém rouba a cena.

Somente Marcos relata o episódio. Um jovem que o seguia discretamente, sai de trás de algum arbusto correndo, envolto unicamente num lençol. Os soldados tentam agarrá-lo, mas ele, largando o lençol, foge completamente nu (Mc.14:51).

Seria cômico, não fosse num momento trágico em que o Filho de Deus era entregue para ser sacrificado por nós.

Por que cargas d’água aquele jovem seguia Jesus de madrugada naquelas condições? Seria um voyeur? Um exibicionista? Um pervertido?

Não creio que tal episódio estaria exposto nas Escrituras sem que houvesse uma boa razão. Alguma lição pode ser extraída daí. Mas, qual?

Proponho aqui uma leitura arquetípica deste fato desconcertante e hilário.

Desde os primórdios, a nudez tem sido relacionada à vergonha, e por isso mesmo, tornou-se num tabu. A primeira reação de Adão ao perceber-se nu foi esconder-se e improvisar um tapa-sexo com folhas de parreira.

Não há absolutamente nada de errado com a nudez. Deus não nos fez vestidos. A nudez é apenas um eufemismo da nossa condição de vergonha decorrente da culpa.

O próprio Deus providencia roupas para o primeiro casal, feitas a partir da pele de algum animal. Os teólogos creem que o sacrifício daquele animal prefigurava o sacrifício de Jesus, meio pelo qual nossa culpa seria expiada e nossa vergonha devidamente coberta.

Dentro da simbologia bíblica, as vestes representam o resgate de nossa dignidade. Somos mais do que meros animais guiados por instintos. Somos seres dotados de consciência, aptos à reflexão, instigados a buscar sentido para a existência. Nada nos convence a aceitar a vida de maneira crua. A consciência é a tecelagem onde se produz o tecido da espiritualidade. É nela que os fios se entrelaçam. Descobrimo-nos como um ponto na grande teia da vida. Estamos conectados a tudo e a todos, e, sobretudo, ao Supremo Tecelão.

Todavia, nossa espiritualidade precisa ser devidamente costurada. Caso contrário, será como aquele lençol que cobria o jovem foragido, deixando-nos expostos quando mais precisarmos dela.

Entre as atribuições do Messias, Isaías profetiza que Ele nos daria “vestes de louvor no lugar de espírito angustiado” (Is.61:3). O que difere uma veste de um lençol é a costura. Estar vestido de louvor nada mais é do que tornar-se motivo de louvor a Deus. A maneira como nos portamos ante as demandas da vida poderá resultar em glória ou em vergonha, honra ou desonra para Aquele a quem devemos nossa existência.
Uma espiritualidade sem costura pode parecer mais conveniente, fácil de descartar depois de usada. Todavia, não oferece qualquer garantia. Na hora do aperto, a gente vai e ela fica.

A igreja de Laodiceia foi seriamente repreendida por Jesus devido a este tipo de espiritualidade ‘sem eira, nem beira’.  Apesar de arrogar-se rica, poderosa, influente, Cristo diz que ela ignorava seu real estado de desgraça, miséria, pobreza, cegueira e nudez. “Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez” (Ap.3:17-18). Nossa avaliação é constantemente confrontada com a avaliação divina. Geralmente, somos exigentes com os outros, mas condescendente conosco mesmo.  Todos igualmente estamos sujeitos à inspeção relâmpago de Cristo. Sem dizer o dia, a hora e o lugar, Ele vem e  “bem-aventurado aquele que vigia, e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se veja a sua nudez” (Ap.16:15). E nestas horas, de nada adianta tentar esconder-nos atrás de algum arbusto como fez Adão.  Afinal, “não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele a quem havemos de prestar contas”(Hb.4:13).

De repente, o que está escondido vem à tona. A vergonha é exposta. E nosso caráter é devidamente tratado.

Só há uma maneira de escaparmos desta exposição e da vergonha que ela produz. Paulo diz que devemos nos despojar “da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes”, deixar de mentir uns aos outros, pois já nos despimos do velho homem com os seus feitos e nos vestimos do novo, “que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” (Cl.3:8-10).

Adão deve primeiro livrar-se das folhas da parreira para vestir-se com as roupas providas pelo próprio Deus.  Devemos livrar-nos do lençol que nos cobre para vestir-nos com as vestes da justiça de Cristo.  E depois de vestidos, devemos revestir-nos“como eleitos de Deus, santos e amados, de coração compassivo, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade”, suportando-nos e perdoando-nos uns aos outros, da mesma maneira como Ele nos perdoou. E como se não bastasse, há ainda uma espécie de sobretudo: “Revesti-vos do amor, que é o vínculo da perfeição”(Cl.3:12-15).

A gente se cinge (roupa de baixo), se veste, se reveste e no final, ainda coloca o sobretudo do amor. Ele é o retoque final, sem o qual a indumentária não estaria completa.

Interessante nota que a palavra grega traduzia por “vínculo” é “syndesmos”, que poderia ser igualmente traduzida por “costura”. Sem amor, a bainha se desfaz, os botões caem, a manga solta. Mesmo vestidos, estaríamos potencialmente nus. 

CONSTANTINO, LACTÂNCIO E O CRISTIANISMO IRREFORMÁVEL...


Depois da Era Apostólica Original, a comunidade mais ampla dos discípulos que permaneciam fiéis à Palavra dos Apóstolos já mortos, estava cansada...; e as coisas somente pioravam...

Já tinham passado por dez grandes perseguições gerais, muitas outras em regiões especificas, e infindas de natureza individual e pessoal.

Os Apóstolos haviam dito que “o tempo estava próximo”; mas eles próprios haviam partido e o Senhor não voltava...

Enquanto isto [...] não sabiam se ficavam nas cidades ou se buscavam refugio nos montes, covas, florestas, regiões distantes, em cidades subterrâneas, ou nos infindos túneis que cavaram [...], como ainda hoje se vê em muitos lugares, especialmente na Capadócia, na Turquia.

Aos olhos deles todas as predições de Jesus e dos Apóstolos estavam já cumpridas, pois, tudo o que tinham visto nos últimos 280 anos eram guerra e rumores de guerra, revoluções, terremotos, vulcões poderosos e devastadores, pragas, mortes em quantidade impensável, pestes chacinadoras, como nos dias do Imperador Décio; além de que não lhes faltaram [de Nero em diante] inúmeros candidatos perfeitos ao posto de Besta e de Anti-Cristo na Roma/Babilônia, na Grande Meretriz, na Cidade das Sete Colinas.

Entretanto, apesar de tudo, quanto mais sofriam, mais cresciam e se espalhavam; de modo que a perseguição sempre foi o maior espalhador das sementes do Evangelho pelo mundo, desde o tempo dos Imperadores Romanos.

Todavia, o Senhor não voltava...; as perseguições não cessavam; e nem o Império se convertia... 

Foi nesse tempo de cansaço de esperança, porém de crescimento pela perseguição, que surgiu o Imperador Constantino.

O Império estava divido, enfraquecido, invadido, somente se impunha pela força dos mercenários e das expansões feitas pela brutalidade; enquanto Roma sucumbia à devassidão, à lassidão, à volúpia, a dês-humanização...

Do mesmo que o Império estava enfraquecido [...] seus deuses também estavam; posto que não impedissem as invasões bárbaras; nem as rebeliões de escravos; nem as revoltas das nações conquistadas; nem os terremotos, nem as pragas, nem os vulcões, nem dassem aos romanos nada que não fosse por eles tomado no saque que faziam às nações que submetiam..., ainda que nunca definitivamente...

O Senhor não voltava, mas Constantino aparecera... Aleluia!... Gritavam os crentes!

Metido na sua corte, como seu escriba, estava um cristão chamado Lactâncio. Foi Lactâncio o “profeta” de Constantino, sim, pois foi dele a interpretação de que o meteoro caído diante deles antes do ataque a Roma, para tomar o poder, era um sinal de Jesus de que Constantino era o “escolhido”, o “cristo da história”, o Imperador que, pela espada, imporia o Reino de Deus, ainda que a proposta fosse a de que o império romano de Constantino não teria fim, sendo uma espécie de “reino davídico dos cristãos” — o que se tornou realidade/engano pelo fato de que a Igreja Católica Apostólica Romana é a Roma de Constantino viva até aos dias de hoje...

Lactâncio teve um papel fundamental na construção do Constantino Décimo Terceiro Apóstolo de Jesus, o apóstolo imperador, o apóstolo da espada, o apóstolo das glórias terrenas e da Igreja Triunfante na Terra, não nos céus.

Foi de Lactâncio a inspiração de que o “tamanho da igreja e sua presença em todo o império”, seria de grande valor político para Constantino. Foi dele a idéia de colocar a chamada Cruz de Constantino como novo Emblema do Império, substituindo a Águia.

Também foi dele a idéia de fazer da fé em Jesus uma Religião Oficial no Império. Sim, o escriba Lactâncio foi um cristão cansado de ser perseguido, e que estava próximo demais do poder para não tentar influenciar em nome de Jesus...

Ora, Lactâncio começou apenas buscando mais tolerância para os cristãos [...], mas depois de um tempo suscitou no Imperador a certeza política de que o grupo dos escravos amantes de Jesus era a melhor base de apoio que ele poderia ter no Império, dado ao tamanho e à capilaridade da igreja dos discípulos de Jesus.

Foi dele também a idéia de que o Imperador agradaria aos cristãos construindo Basílicas nos lugares mais históricos para a fé dos cristãos...

Ele foi a peça fundamental também na construção dos elos entre o Imperador e os bispos das igrejas locais, ainda escondidas e intimidadas.

Da noite para o dia os bispos viravam eminências pardas.

Depois Constantino aprendeu a andar com as próprias pernas, manobrando os bispos na medida em que lhes dava poder...

Foi por tal poder que o antigo crescimento dos cristãos se perdeu, virando inchaço e adesão... Logo surgiram os sincretismos... A seguir a bruxaria tomou conta em nome de Jesus, de um lado; e, de outro lado, surgiram os eruditos oficiais dos ditos de Deus, os teólogos; tudo sob o patrocínio do Imperador.

Constantino continuou matando e sendo inclemente com muitos... Foi ele quem primeiro invocou em “nome de Jesus” o principio diabólico da guerra santa e da igreja de espada na mão.

As raízes do Cristianismo Constantiniano [aliás, o único Cristianismo, posto que Jesus nunca tenha fundado nenhuma religião ou Cristianismo] — determinam até hoje quase tudo aquilo que a “igreja” chama de “Deus”, de “Jesus”, de “Igreja”, de “Doutrina”, de “Poder”, de “Estado”, de “Direito”, de “Ciência Teológica”; e está presente em todas as formas de governo e disciplina na “Igreja”.

Ora, como Jesus não voltara, mas Constantino aparecera como um ladrão de noite, os crentes logo celebraram a vitória de Constantino como uma manifestação da vinda do Senhor de forma diferente; como reino glorioso feito pelo poder de um império de trevas...

Em menos de trinta anos um grupo de milhões de discípulos de Jesus, que viviam de modo singelo e hebreu no caminhar, se tornou o poder dominante de um Império, do maior de todos os Impérios, do Império Romano; e, assim, sem pestanejar, reinterpretaram Jesus e a Sua vinda; e celebraram o reino de Deus nas garras da Meretriz Oportunista, que agora apenas dava aos famintos a chance de transformarem pedras em pães, de pularem do Pináculo do Templo com a escolta de anjos imperiais, em troca de darem apenas apoio político ao Imperador, enquanto eles, a agora não mais Igreja, mas apenas “igreja” [...], ganhavam todos os reinos deste mundo...

Praticamente ninguém mais conseguiu ser cristão sem levar alguma marca da Besta Constantiniana; sim, seja nos temas da vida; na idéia acerca de quem é Deus; ou acerca da Trindade [esquartejada em Nicéia]; ou da noção de influencia do Reino de Deus neste mundo; ou de guerra santa e justa; ou de evangelização; ou de teologia; ou de credo; ou de modo de governo; ou de importância humana e histórica; e de um monte de outras coisas... — que não nos tenham vindo como herança de Constantino; e que influenciaram toda a “Cristandade”; e que deram forma ao Cristianismo, que fizeram uma Dieta no Protestantismo, mas que nele não perderam o DNA; e que hoje estão revividas com todas as forças entre os Evangélicos, todos eles, mas especialmente entre os Neo-Pentecostais.

Hoje Constantino tem no Brasil a cara de um Macedino!...

Constantino é o Pai do Cristianismo!...

O Católico, ou Universal em Constantino, não são termos que têm o sentido da catolicidade e da universalidade do espírito de tais termos conforme o espírito do Evangelho.

Católico e Universal em Constantino são termos que significam exatamente aquilo que os termos Católico e Universal se tornaram no Cristianismo...

Sim, Constantino é o Pai do Cristianismo!... Somente ele; e Jesus esteve fora...; sempre...

Jesus esteve presente [...] como apenas sempre apenas nos corações [...]; mas nada teve a ver com toda a História da Igreja [...] de Constantino para cá.

Jesus teve a ver com a história de milhões de pessoas, mas não com a História da Igreja de Constantino, que é todo o Cristianismo, especialmente em sua manifestação ocidental, ainda que o fenômeno tenha sido “católico” em sua influencia “universal” do reino imperial de “Deus”...

Esta é a razão de a “igreja” ser tão diferente de Jesus e tão semelhante a Constantino.

Sim, pois o espírito do Cristianismo sempre foi e será “romano” em seu DNA; e tal espírito é anticristo em relação ao Evangelho de Jesus.

Somente o diabo faz de conta que não foi e não seja assim!

Sim, mano, olhe no espelho e veja que você é a cara do Imperador Constantino; pois, se seu espírito é do Cristianismo, então, é de Constantino que você é filho!

É por esta razão que eu creio que o Cristianismo é irreformável...



Nele, em Quem não tenho nenhuma dúvida acerca do que disse acima,



Caio



Muito Legal e doido este vídeo

Ed René Kivitz - Megafone

Bem criativo