terça-feira, 12 de março de 2013

          O que penso de Marco Feliciano na Comissão de Direitos Humanos





Por Hermes C. Fernandes

Eles eram conhecidos como filhos do trovão. Os demais discípulos os viam com certas suspeitas desde que sua mãe fizera aquele lobby para Jesus lhes garantisse cadeiras VIP's em Seu reino, um à Sua direita e outro à Sua esquerda (Mt.20:20-24). Apesar de Jesus tê-los repreendido naquela ocasião, demonstrando que não sabiam o que estavam pedindo, eles ainda se prestaram a sugerir que Ele fizesse cair fogo do céu para consumir os samaritanos que queriam apedrejá-lo. "De que espírito sois?"perguntou Jesus (Lc.9:53-55).

Os dois irmãos, Tiago e João haviam sido discípulos de João Batista, e não haviam percebido que a proposta de Jesus era totalmente diferente. Ele viera salvar, não condenar. Portanto, não fazia sentido querer que Ele fizesse cair fogo do céu para consumir Seus adversários, bem ao estilo de Elias, aquele profeta excêntrico do Antigo Testamento.

Agora imagine se esses dois fossem destacados para trabalharem num gabinete especial para tratar do relacionamento entre samaritanos e judeus. Eles certamente não seriam as pessoas indicadas para o cargo.

Semelhantemente, não consigo entender a indicação do pastor Marco Feliciano (PSC-SP) para presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Principalmente depois que a mídia secular divulgou suas famosas tuitadas sobre a suposta maldição da raça negra e sobre os direitos pleiteados pelos homossexuais. Penso que seria mais honroso se ele declinasse. 

O papel da comissão é receber e investigar denúncias de violações de direitos humanos, além de discutir e votar propostas na área. Cabe ao presidente da comissão determinar a pauta dos projetos a serem encaminhados para a votação. Qualquer pauta de destoe dos anseios éticos da sociedade poderá desgastar sobremaneira sua imagem tanto como parlamentar, quanto como pastor.

A exemplo do lobby feito pela mãe dos filhos do trovão, Marco Feliciano só foi indicado graças ao seu partido, que segundo ele mesmo, teria uma agenda direitista. 

Comparar-se a Martin Luther King soou presunçoso. Não duvido que este, se estivesse entre nós, lutaria ao lado das minorias em vez de posicionar-se por uma agenda ideológica e religiosa. Como ele temos em nossos dias pastores como Antonio Carlos Costa, Ed René Kivitz, Ariovaldo Ramos, Caio Fábio, porém, nenhum deles ocupa cargo político. Sem presidir qualquer comissão, estes e tantos outros têm feito um trabalho excepcional na defesa dos direitos humanos. 

O que precisamos não é de um lugar sob os holofotes no cenário político nacional, mas de gente disposta a arregaçar as mangas e trabalhar pelos direitos dos seus semelhantes, mesmo sob o véu do anonimato. Em vez de um lugar à esquerda ou à direita do poder, façamos com a mão esquerda o que a direita jamais saberá, como Jesus mesmo recomendou.

P.S. Para completar a exposição negativa a que tem se submetido Marco Feliciano, o jornal O Globo divulgou vídeo em que ele aparece pedindo ofertas aos fiéis, estipulando quantias entre mil e quinhentos reais. Dentre os ofertantes há um tetraplégico e alguém que lhe passa o próprio cartão, mas não lhe dá a senha, recebendo dele o seguinte comentário: "É a última vez que eu falo. Samuel de Souza doou o cartão, mas não doou a senha. Aí não vale. Depois vai pedir o milagre pra Deus e Deus não vai dar e vai falar que Deus é ruim." O tom jocoso faz com que tal comentário pareça deboche, passando a impressão de que o pastor esteja se aproveitando da boa fé dos seus seguidores. Lamentável, vergonhoso e revoltante. 


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