terça-feira, 2 de julho de 2013

A VIDA NA ESPERA



O existir em Cristo acontece em um ambiente de paz tensionada. 
Paz tensionada? 
Sim! É a paz que acontece entre a esperança que se fundamenta na intervenção de Deus no mundo, e, de outro lado, o mandamento que ordena que se viva aqui, na presente ordem de coisas, como se nós mesmos fossemos os potenciais solucionadores de todas as coisas. 
É assim que nas Parábolas da Volta do Senhor, em Mateus 24-25, em todas se vê o mesmo espírito: o discípulo precisa ser dos que trabalham enquanto aguardam a volta de seu Senhor.
Sim! Enquanto se aguarda é para cuidar bem dos irmãos e de todo ser humano. Também é para aumentar a carga dos dons e talentos em serviços a Deus nas vidas de todos os humanos que cruzem nosso caminho. É até mesmo para escolher o caminho perigoso, como visitar os presos injustamente, a fim de consolá-los.
“Bem-aventurado é aquele servo que for achado fazendo assim quando o seu Senhor voltar!” — disse Jesus.
De outro lado Jesus disse “ai” para o servo que faz diferente do amor.
Sim! Pois é muito fácil o servo tornar-se opressor e manipulador dos irmãos e dos homens. Mais fácil ainda é, pela desesperança, entregar-se ao anestesiamento, à embriaguez psicológica e espiritual. Na mesma seqüência torna-se simples dormir de falta de ânimo espiritual na espera do noivo, como virgens insensatas fariam. E mais: pode-se também apenas esconder a vida, os dons, a graça, o amor que se dá, e, assim, enterrar o talento, alegando-se que Deus é severo demais para que se brinque com Seus dons em nós.
Por último, Jesus disse que é possível que o servo fique cego, e, portanto, somente reconheça Jesus no braile dos signos da religião, e, assim, deixe de ver Jesus em todo homem, conforme Mateus 25, na Parábola das Ovelhas e Cabras. 
Na seqüência dessas Parábolas de Mateus 24-25 algumas coisas ficam claras acerca da espiritualidade do discípulo preparado para aquela Grande Hora.
Sim! O discípulo serve a Deus explicitamente, tendo consciência de que assim faz quando serve os irmãos declarados como irmãos, na fé. Porém, além disso, Jesus deixa claro que o discípulo precisa deixar de ver os irmãos entre os homens, e, assim, passar a servir a todos os homens como irmãos. 
O galardão do homem cresce nele quando a vida deixa de estar dividida entre crentes e incrédulos como sendo objeto de tratamento diferenciado por parte do discípulo.
O modelo escatológico do amor humano é o chamado “Bom Samaritano”, que, seguindo o seu caminho, dentro ou fora dos termos geográficos de seu andar, vai juntando gente quando encontra, sem perguntar jamais pelo pedigree ou pela origem ou pelo projeto de vida. 
Nesses dias de avareza, de indiferença, de egoísmo everestiano, de iniqüidade insensibilizante, de abusos cometidos em nome de Deus, de fanatismo assassino, de devoção a demônios, de descrença em Deus e no amor — nada é mais significativo do que aprender a viver na tensão da paz operante, que é paz não acovardada e não desesperançada.
Sim! Pois a verdadeira para é ativa, propositiva e comprometida com ela própria como bem para todos.
Daí os filhos da paz serem também ativos na promoção da pacificação dos homens.

Assim é o caminho do discípulo enquanto espera!

Nele, 

Caio

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