quinta-feira, 26 de setembro de 2013

De pés descalços, peito aberto e mente arejada


Por Hermes C. Fernandes

Lembro-me perfeitamente que, quando criança, meus pais não me permitiam andar descalço e sem camisa, alegando que com isso eu poderia pegar um resfriado. Resultado: durante muito tempo tive uma saúde frágil. Qualquer golpe de vento já me resfriava.  Depois de casado, minha esposa achou graça de me ver dormir de meia. Foi a partir daí que resolvi romper com certas crendices que herdara dos meus pais. 

Quanto mais nos expomos, mais resistentes nos tornamos. Ao passo que, quanto mais nos preservamos, mais frágeis e suscetíveis nos tornamos. Somente a exposição pode manter nosso sistema imunológico em alerta, produzindo anticorpos para combater as eventuais ameaças ao nosso organismo. O que não provoca minha morte, torna-me mais forte. 

O mesmo vale para a nossa vida espiritual. 

Uma espiritualidade alienante nos fará pessoas muito mais vulneráveis ao assédio do pecado. 

Veja o exemplo do próprio Jesus. Ele andava entre publicanos e meretrizes, porém, jamais pecou.  Apesar de saber de todos os riscos, Jesus não pediu ao Pai que nos tirasse do mundo, mas que nos livrasse do mal. 

Muitos pensam que a proposta do evangelho é manter-nos numa espécie de quarentena, completamente isolados de tudo e de todos. Dizem: - Não ouço música do mundo porque não quero me sujar! Não tenho vida social porque sou santo e não me misturo com essa gentalha pecadora! É a teologia Kiko!

Este tipo de espiritualidade é castradora e adoecedora. Quanto mais nos priva, mais nos expõe. 

Em vez disso, devemos transitar neste mundo de pés descalços, peito aberto, mente arejada, porém, revestidos de toda a Armadura de Deus. 

Ao expor-nos, o pecado perde seu encantamento. Criamos anticorpos espirituais. Ativamos nossos sistema imunológico espiritual. 

É óbvio que isso acaba incomodando alguns, sobretudo, aqueles que, no fundo, gostariam de usufruir da liberdade que temos em Cristo, mas não o fazem por receio.

Não estou sugerindo qualquer tipo de autoconfiança ou de exposição desnecessária ao pecado, e sim uma dependência total da graça de Deus que não apenas nos salva como também nos guarda de tropeçar. 

Os incomodados que se acostumem... Estou vacinado pela graça.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa Paulo, e amei seu texto.
Acredito nisso também.
Que seu fim de semana seja cheio de pés descalços e vento leve de mudanças para o bem.
Bjs