terça-feira, 29 de outubro de 2013

Estrelas cadentes - Um Poema


Disseram que hoje haveria
chuva de estrelas cadentes
Noite assim jamais ousaria
manter meus olhos ausentes

Mas justamente esta noite
o céu estava nublado.
Foi como levar um açoite
por ter ficado acordado

Ainda que o show aconteça
Meus olhos não o verão
Acima da nuvem espessa
bem distante do meu chão

Ouvi que certo cometa
de cauda esplendorosa
se aproxima do nosso planeta
nos deixando em polvorosa

Brilhará mais do que a lua
Quando cheia em sua glória
Desfilando pela noite nua
em sua órbita aleatória

Mas de quê me valerá?
Só será visto em outros céus
Que diferença me fará
Seja entre heróis ou entre réus?

Terei que me conformar
e assistir pela TV
Ou um site acessar
caso insista em não perder

A sensação não é a mesma
pela tela fria de plasma
 Pois sou gente, não lesma
Carne e osso, não fantasma

O coração não dispara
A respiração não ofega
Nem é coisa tão rara
à que a alma se apega

Não posso ser injusto
pois poucas vezes vi
Como que num susto
do céu algo estranho cair

Qual foi minha surpresa
Quando sem qualquer aviso
Uma bola de fogo acesa
Rasgou-me o céu e o riso

Mas só mesmo eu vi
Não foi notícia nos jornais
E com quem eu reparti
duvidou, nem conto mais

Triste é a expectativa
Que não é correspondida
Parece não ser nociva
Mata aos poucos, reprimida

Não quero buscar noutros céus
Ter que deixar o meu chão
Prefiro enxergar entre os véus
Dar asas à imaginação

Por isso, prossigo a esperar
Pela noite ou pelo dia
Em que o céu limpo estará
e eu entregue à poesia

Autor: Hermes C. Fernandes em 26/10/2013
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